Mantém presença regular e despudorada na televisão e no cinema, é vendido em várias superfícies, merece destaque em eventos de tecnologia e é mencionado abertamente por várias celebridades. Que caminho foi este para um objeto inventado no século XIX, para fins médicos?
O vibrador elétrico foi criado por um britânico, nos anos 80 do século XIX para tratar várias perturbações nervosas, sobretudo a histeria – os médicos faziam “massagens” genitais às mulheres, com o fim de provocar um “paroxismo histérico”, que parecia ter um efeito clínico positivo surpreendente.
Foi já no século XX que o primeiro vibrador elétrico saiu dos consultórios para estar à venda ao público, publicitado sob vários nomes mais ou menos explícitos e frases como “Toda a natureza pulsa e vibra com a vida”… Ao longo do século, foram vendidos como aparelhos que iam desde auxiliares à perda de peso a massajadores – nos anos 70, ficou famoso o VibraTouch, que vinha numa caixa com a imagem de uma mulher, sorridente, a aplicá-lo no ombro.
Junte-se o movimento do feminismo com o poder da televisão e está aberto o caminho à massificação do vibrador enquanto brinquedo sexual.
Livre do estatuto de objeto tabu, que manteve durante décadas, o objeto aparece no pequeno ecrã num histórico episódio da série Sexo e a Cidade, transmitido em agosto de 1998. Filipe Sedic, fundador e CEO da empresa norte-americana de brinquedos sexuais de luxo LELO, acredita que foi graças a esse episódio que os vibradores “começaram a ganhar algum respeito no mainstream”. Já não era só aceitável saber, ao menos, o que era um vibrador – passou a ser aceitável ter um.
Em 2008, as mulheres eram consideradas o mercado mais “quente” na indústria de produtos para adultos. “O que começámos a ver foi empresas de brinquedos sexuais fundadas por engenheiros mecânicos e formados em escolas de design”, comenta Lynn Comella, professora de estudos de género e sexualidade na Universidade de Nevada, EUA, em declarações ao The Guardian.
Com a impressão em 3D e fabrico mais fácil, aumenta o investimento na investigação e no desenvolvimento: Um dos produtos da LELO, que conquistou um prémio de design em 2014, já se propõe simular a sensação de sexo oral.