O relatório independente, pedido pela Agência Mundial Anti-Doping, provocou esta semana um terramoto no mundo do atletismo, ao revelar detalhadamente um alegado programa de doping patrocinado pelo Estado.
A Rússia descreveu o relatório como «não profissional e ilógico», mas algumas das revelações já estão a ser investigadas pela Interpol.
Eis cinco das revelações mais graves, compiladas pela CNN:
Uma polícia secreta dentro do labotório anti-doping
Para sublinhar o envolvimento do estado russo na tentativa de manipular as regras anti-doping, os autores do relatório descrevem casos em que agentes da FSB, a agência russa de serviços de informação que sucedeu ao KGB, visitavam ou faziam passar-se por funcionários de um laboratório-chave da luta contra o doping.
Os agentes apareciam com regularidade do Laboratóio Anti-Doping de Moscovo e os funcionários suspeitavam que tinham os telefones e partes das instações sob escuta.
Centenas de amostras destruídas antes de inspeção decisiva
O mesmo laboratório é acusado, no documento, da «destruição intencional e maliciosa» de 1417 amostras para teste que a Agência Mundial Anti-Doping tinha pedido especificamente para serem guardadas. O diretor do laboratório terá ordenado a destruição dias antes da chegada de uma equipa do organismo para uma inspeção. «Uma limpeza para preparar a vista da agência», terá pedido o responsável, que alegou depois ter percebido mal as instruções no sentido de manter as amostras.
Subornos e extorção
O relatório contém varias alegações de subornos sistemáticos por parte de atletas e treinadores russos, como forma de assegurar que o seu recurso ao doping não era revelado. Além disso, durantes os testes seria frequente o atleta estar sozinho, possibilitando a troca da urina para análise.
O documento descreve também como responsáveis da Federação russa de Atletismo usavam uma lista de atletas debaixo de olho da Associação Internacional de Federações de Atletismo para lhes exigir dinheiro em troca do abafamento dos casos. Uma maratonista terá pago ao seu treinador e à federação grandes quantias, ano após ano, para evitar «receber um resultado positivo» nas análises anti-doping.
Intimidação
Um dos funcionários responsáveis pelos testes conta como fugiu pela janela de um hotel com amostras para controlo anti-doping para evitar os polícias que o aguardavam para as levar ao laboratório de Moscovo. As amostras foram enviadas às escondidas para fora da Rússia e quatro delas deram positivo num laboratório suíço. «A minha mãe recebeu chamadas ameaçadoras», em consequência do episódio, relata.
Identidades falsas
A monitorização dos atletas implica que as autoridades anti-doping e o Comité Olímpico Internacional conheçam o seu paradeiro para poderem fazer testes-surpresa. O relatório incluiuuma lista de atletas russos que fugiam, alegdamente, a esse controlo.
«Num campo de treino em Portugal, os nossos atletas viviam simplesmente sob nomes falsos”, conta a atleta russa Yuliya Stepanova, que colaborou com os investigadores. «Tinham tomado substâncias proibidas e para assegurar que os agentes de controlo estrangeiros não os testavam, davam nomes falsos».