Normalmente, quando se interrompe um ensaio clínico, é mau sinal. Quer dizer que o novo medicamento em teste está a provocar demasiados efeitos secundários, ou faz mais mal que bem. No caso do ensaio de fase III CheckMate 025, suspenso em julho, foi um excelente sinal: o medicamento nivolumab estava a ser tão eficaz no tratamento de doentes com cancro renal avançado que foi dada a possibilidade aos doentes no grupo de controlo a fazer a terapêutica convencional de passarem a tomar também aquele medicamento.
Publicados no New England Journal of Medicine e apresentados num congresso da especialidade em Viena, os dados entusiasmaram os oncologistas: 25% de taxa de resposta contra 5% na terapia aprovada. Da classe da imunoterapia – uma nova forma de tratar o cancro, que se baseia na capacidade de o sistema imunitário eliminar a doença – o nivolumab já está aprovado para o tratamento de melanoma e cancro do pulmão.
“No pior dos casos, o doente viveu dois anos, e ainda há doentes vivos. Nos Estados Unidos, entrou logo para a lista das aprovações rápidas”, diz-nos Ana Castro, oncologista do Hospital de Santo António, a partir da Áustria. Agora, a médica espera que os doentes portugueses possam ter acesso ao medicamento no âmbito do programa de uso compassivo, que prevê a cedência por parte da farmacêutica, enquanto o mesmo não é aprovado para uso generalizado.