Na edição de 2015 do Guia Michelin Espanha e Portugal são distinguidos 14 restaurantes portugueses, mais dois que no ano anterior.
José Avillez, do Belcanto, em Lisboa, tornou-se o primeiro chefe de cozinha português a conquistar as duas estrelas Michelin (‘cozinha excelente, vale a pena o desvio’) que também se estreiam na capital.
A edição de 2015 do “guia vermelho” atribuiu a primeira estrela (‘muito bom na sua categoria’) ao restaurante Pedro Lemos, no Porto, com o nome do chefe que o dirige.
A sul, o restaurante São Gabriel (Almancil), comandado por Leonel Pereira, reconquistou a estrela que o guia retirou em 2014, poucos meses depois da mudança de chefe.
Repetem a distinção de duas estrelas Michelin dois restaurantes, ambos no Algarve e com chefes austríacos: Vila Joya, de Dieter Koschina, e Ocean, de Hans Neuner.
Mantêm uma estrela Michelin os seguintes estabelecimentos: Willie’s, Henrique Leis, Il Gallo d’Oro, Casa da Calçada, Fortaleza do Guincho, The Yeatman, Feitoria, Eleven e L’And Vineyards.
Portugal continua a não ter nenhum restaurante com a distinção máxima, três estrelas, referentes a uma ‘cozinha de nível excecional, que justifica a viagem’.
As novidades, em Espanha, são a atribuição de três estrelas a oito novos espaços, duas estrelas a um e uma estrela a 19 restaurantes.
Sob forte aparato mediático, a apresentação do Guia Michelin Espanha e Portugal 2015 decorreu hoje à noite em Marbella, Andaluzia, com cerca de 350 participantes, incluindo representantes do Governo espanhol.
De Portugal estavam alguns chefes de cozinha e responsáveis de estabelecimentos, mas nenhuma entidade oficial marcou presença no evento.
Mais clientes e mais responsabilidade
Chefes de cozinha de restaurantes portugueses distinguidos com estrelas do Guia Michelin afirmam que, após a distinção, a clientela dispara, tal como a responsabilidade e a pressão.
Há precisamente um ano, o restaurante L’And Vineyards, no Alentejo, conquistou a primeira estrela Michelin e o chefe de cozinha Miguel Laffan diz que, desde então, “mudou tudo”, a começar pela procura, que registou um aumento de 40%.
O L’And Vineyards foi um dos 13 restaurantes portugueses que mereceram uma estrela Michelin (‘cozinha muito boa na sua categoria’) no guia Espanha e Portugal 2015, que foi apresentado na quinta-feira à noite em Marbella. Além disso, há três espaços em Portugal com duas estrelas (‘cozinha excelente’) na próxima edição do “guia vermelho”, considerado como uma referência mundial na classificação de restaurantes.
Para o chefe, um dos `segredos` da classificação é “a paixão e a criatividade”.
“Obrigo-me sempre a ser melhor e a introduzir técnicas e tendências novas”, disse à Lusa, durante a cerimónia na cidade andaluza.
Laffan considera que o Guia Michelin é fundamental para promover a gastronomia portuguesa a nível internacional.
A cozinha que pratica é, descreve, baseada nas receitas e sabores tradicionais da gastronomia nacional e, em particular, do Alentejo, que ganham novas apresentações e texturas: “Eu tenho orgulho em ter uma estrela Michelin e ter um arroz de polvo ou uma açorda na minha carta”, disse.
Também Hans Neuner, do Ocean, considera que “a gastronomia portuguesa está a crescer muito e o interesse vai ser cada vez maior”.
Neuner, que pelo segundo ano vê renovada a classificação de duas estrelas para o Ocean (Algarve), afirmou à Lusa que “a grande diferença da primeira para a segunda estrela foi que o restaurante passou a ter clientes portugueses”.
Para este chefe de cozinha, a receita do sucesso é “muito trabalho e muita paciência”.
“Nunca se sabe se aquele cliente é um inspetor do Guia Michelin [que visitam os espaços sob anonimato]. Há que manter sempre o mesmo nível, todos os dias, mesmo num dia mau”, considerou.
O austríaco Dieter Koschina, do Vila Joya (Algarve), viu renovada a distinção de duas estrelas Michelin, algo que o deixa satisfeito: “Sempre para cima, nunca para baixo”, brincou.
Ao fim de 15 anos entre aqueles que são considerados os melhores neste guia, o `chef` garante que os clientes “têm outro nível e exigem cada vez mais”, nomeadamente na qualidade dos produtos.