Sem dieta ou exercício físico, este tratamento inovador e não invasivo garante acabar com as gorduras a mais e fazer com que, em pouco tempo, se vista o tamanho desejado. Disponível no Reino Unido há já uma semana, o tratamento tem gerado alguma polémica.
O procedimento é fácil: consiste na ingestão de uma pílula que contém um mini-balão gástrico vazio e um pequeno fio agarrado. Ao chegar ao estômago, o balão é preenchido com gás nitrogénio através do fio que é, na verdade, um pequeno tubo e fica a ocupar 250ml do estômago. Depois de cheio, é só puxar o fio e o balão permanece no estômago, impedindo a ingestão de alimentos em demasia, por causar uma rápida sensação de saciedade, tal como os tradicionais balões gástricos.
Esta pílula, produzida pela empresa Obalon, já se encontra à venda no mercado britânico. Por cerca de 3600 euros, é possível adquirir dois balões, cada um com uma duração de 12 semanas. Após esse período deve ser removido, através de uma endoscopia, sendo o paciente sedado com anestesia local. É introduzido um tubo pela garganta com uma câmara e uma agulha, em seguida, o balão é picado e removido.
Contudo, há quem não esteja muito convencido. O Dr. David Ashton, um dos principais especialistas em obesidade do Reino Unido, alerta que “existe o risco do balão esvaziar-se e passar para o intestino delgado, onde poderia causar uma obstrução. Para além disso pode ainda causar úlceras gástricas e danos no estômago ou esófago”, explica. Mais fáceis de resolver, mas também perigosas, são complicações como o refluxo do próprio balão, indigestão, dores de estômago, diarreia e ainda distensão abdominal, pois “se se colocar qualquer objeto estranho no estômago, a primeira coisa que o corpo vai querer fazer é rejeitá-lo”.
Mandy Raven, de 46 anos, foi uma das pessoas envolvidas nos testes deste tratamento, em novembro de 2013. “Engoli-a com um copo de água e podia senti-la a caminho do meu estômago. Quando os médicos começaram a enchê-la, senti uma sensação estranha, quase como uma bolha na minha barriga. Quando removeram o tubo, senti-me como se tivesse acabado de comer uma boa refeição”, explicou.
Se a Obalon insiste que este novo tratamento é um procedimento médico sério e que vai melhorar a saúde a longo prazo, já o Dr. Ashton afirma que “no geral, os balões convencionais não são uma solução eficaz para a saúde”, pelo menos não a longo prazo. Mas afirma: “se um paciente, com um IMC de 27 ou 28, dissesse que queria perder peso para um grande evento – um casamento – em seis meses, desde que ele entendesse os riscos, incluindo o facto de que era improvável que ele conseguisse manter a perda de peso após o balão ser removido, então eu dar-lhe-ia um balão”.
Sally Norton, consultor independente de tratamentos de obesidade, defende que, realmente, o sucesso deste tratamento não é possível sem um plano de dieta e exercício físico. Também Mark Mahmood, vice-presidente da Obalon, admite: “Não é uma bala de prata. É uma parte do quebra-cabeça e tem que ser acompanhado por uma mudança no estilo de vida”.