Desilusão foi a palavra da noite social democrata. O partido não encontrou nas urnas o incentivo que sentiu na rua, durante a campanha e Rui Rio terminou a corrida eleitoral, admitindo: “não atingimos, nem de longe, nem de perto, os objetivos que quereríamos. O PS é obviamente o grande vencedor”. Com uma maioria absoluta dos socialistas, ainda por confirmar, o líder laranja abriu a porta de saída da liderança: “se o PS tem maioria absoluta, não estou a ver como é que posso ser útil, neste enquadramento”, disse, em português e repetiu em alemão, perante a insistência de um jornalista para que Rui Rio clarificasse a sua afirmação.
Segundo os últimos dados disponiveis, o PSD alcançou 27,91% dos votos, quando o PS tem 41,61%. O que Rui Rio atribuiu a “um voto útil à esquerda esmagador”, que Costa soube cativar. Ao contrário da direita, onde “não houve a mesma união” – “a direita dispersou-se” – foi o diagnóstico que o presidente social democrata fez, na sala Chiado, do hotel SANA Marquês, em Lisboa, onde chegou às 23:13, para comentar pela primeira vez os resultados (ninguém veio reagir às primeiras projeções, como aconteceu nos outros partidos).
A responsabilidade pelos resultados é – em primeiro lugar – sua, admitiu, apesar de continuar “a achar que os portugueses não querem para primeiro-ministro alguém especializado em dizer mal dos outros”. A campanha do PSD, continua a dizer, foi “excelente”, “pela positiva”, “mais apurada do que em 2019”, mas não chegou; sendo que, aproveitou para garantir, que o partido “não ficou com qualquer divida oculta desta campanha eleitoral”.
Rio fez saber também, assim que entrou na sala, que já tinha dado os parabéns a António Costa. E, quando o primeiro-ministro reeleito começou a discursar, à meia noite, já o quartel-general do PSD estava vazio e a ser desmontado. Nunca houve de resto grande ambiente durante a noite, marcada pelo silêncio assim que começaram a ser divulgadas as primeiras projeções e se percebeu que os sociais democratas não iam conseguir alcançar os seus objetivos eleitorais.
Junto ao líder, reunidos a noite toda numa sala no mesmo piso que os jornalistas, Rio fez-se acompanhar da sua direção e recebeu, minutos antes de chegar ao palco, um abraço “de solidariedade” do presidente da câmara municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que entrou e saiu do hotel sem aparecer no espaço dedicado aos apoiantes e jornalistas. O autarca – que recusou qualquer possibilidade de se lançar na liderança do partido – disse apenas que quer estar “presente nos bons e nos maus momentos” do PSD.