A campanha do PAN, nestas Legislativas, ficou marcada pela troca de acusações com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e as notícias que visavam a atuação de empresas ligadas a Inês Sousa Real, o que levou a porta-voz do partido a defender, na passada terça-feira, estar em curso uma campanha de “desinformação” contra o partido.
Esta manhã, no Mercado de Algés, na última jornada do apelo ao voto, Inês Sousa Real regressou ao tema, para alertar para o que designou de “ataques concertados”, que, segundo a própria, se explicam pelo facto de o PAN, ao longo dos últimos seis anos de presença na Assembleia da República, ter “enfrentado bastantes interesses instalados”.
“Temos enfrentado bastantes interesses instalados, daí os ataques concertados, a informação falsa que tem existido. É, de facto, incompreensível que, mesmo apesar dos nossos esclarecimentos, seja publicada informação que não corresponde à verdade”, lamentou.
Recorde-se que, na passada segunda-feira, a VISÃO noticiou, em primeira mão, que pelo menos uma das empresas agrícolas de Inês Sousa Real pediu autorização para aplicar um inseticida perigoso para os humanos e para a natureza e que, para além disso, libertou na sua produção uma subespécie de abelha considerada uma ameaça para as abelhas portuguesas.
Remetendo para “esclarecimentos já prestados”, Inês Sousa Real prefere, neste momento, não aprofundar o tema, preferindo virar agulhas para as eleições de 30 de janeiro. E garante que, sobre este e outros assuntos, “nada ficou por explicar”, ao longo destas últimas duas semanas. “A população está esclarecida e, por isso mesmo, tem manifestado todo o apoio ao PAN. Sentimos isso nas ruas. Aliás, as pessoas não só ficaram esclarecidas, como perceberam que tudo isto apenas se tratava de ataques concertados”, afirmou.
O último dia de campanha do PAN começou sobre carris. Inês Sousa Real ligou Cascais e Lisboa de comboio, mas, antes do destino final, desceu ao Mercado de Algés, para contactar com comerciantes e locais, na companhia de duas dezenas de militantes e apoiantes.
No final da (rápida) ronda, um primeiro balanço: “Foram duas semanas muito gratificantes, em que tivemos oportunidade de ouvir a população, de sentir aquilo que é o reconhecimento de uma postura responsável por parte do PAN, não só no momento do Orçamento do Estado, em que não faltámos ao País, mas também ao longo destes seis anos de legislatura, em que temos sabido fazer oposição pela positiva, e temos feito avançar as nossas propostas. É, por isso mesmo, que houve, neste período, tão importantes conquistas, pela mão do PAN, que se deram na Assembleia da República”, afirmou.
Olhando para as últimas sondagens, o PAN soma 2%, abaixo dos resultados obtidos em 2019 – quando o partido elegeu quatro deputados (dois por Lisboa e um por Porto e Setúbal). Talvez por isso, as palavras seguintes tenham tido como destinatários os partidos que contribuíram para dissolução do Parlamento, e consequentes eleições antecipadas. Ainda assim, Inês Sousa Real mantém a confiança. E acredita que, no dia seguinte à ida às urnas, o partido vai assumir um papel central na decisão sobre quem (e como) vai governar Portugal.
“A dispersão de votos, que se adivinha para o próximo dia 30, só comprova que não havia nenhuma necessidade de termos um ato eleitoral neste momento. A estabilidade que alguns têm vindo a evocar não vai existir… O PAN, porém, vai continuar a ser um partido fundamental. E vai ter um papel central para definir o futuro do País e o Governo que se venha a formar”, disse – sem especificar, novamente, preferências entre PS ou PSD.