Cada um no seu quarteirão: o CDS não foi ao Chiado, por onde andou o PS; não arrancou como previsto do Arco da Rua Augusta, onde se concentrou o PSD; e fez por garantir o último desfile da campanha de todas as forças políticas, já depois do Chega ter percorrido as ruas da Baixa. Como assegurou o líder, Francisco Rodrigues dos Santos, foi uma “prova de vida”, que atestou a força do partido.
Ladeado de dois antigos presidentes centristas, Manuel Monteiro e Ribeiro e Castro, sob a toada enérgica da Juventude Centrista (JC), com muitos dos jovens sem idade para votar ou à beira disso, e até com o apoio de alguns sociais-democratas, que se ficaram pelas esplanadas e dali gritaram palavras de ordem, Chicão quis provar que a mobilização que arrastou, no fim de tarde desta sexta-feira, é um sinal de que o CDS vai “vencer os cercos das sondagens” e que bate aos pontos as iniciativas da IL e do Chega nesta campanha.
A Baixa já estava (quase) sem apoiantes de Ventura, Rio e Costa quando Chicão arrancou, a meio da Rua Augusta, para os seus últimos metros da volta ao País, rumo ao Largo do Caldas, onde fica a sede do CDS. Até então, a animação era assegurada desde as 17.30 horas de forma imparável pela JC, e à qual se foram juntado alguns rostos conhecidos do partido, como António Carlos Monteiro ou deputado Miguel Arrobas – que ao longo da campanha foi aparecendo em várias iniciativas pelo País.
Segundo Rodrigues dos Santos, que ironizou quando um militante se apresentou na arruada com um chapéu de mágico, ao assegurar que vai haver “magia” para os centristas no domingo, esta foi a “prova de como o eleitorado e a família do CDS estão bem vivos, e mobilizados”.
“Uma vez mais, no domingo, os portugueses vão permitir ao CDS afirmar-se nas urnas e contrariar todas as sondagens que, ao longo da nossa história, vaticinaram a nossa morte. Desde a nossa fundação, disseram: o CDS não passará. Resistimos aos cercos da extrema-esquerda e, certamente, desta vez, voltaremos a vencer os cercos das sondagens, os cercos dos novos partidos à direita”, assegurou logo no começo da arruada, que seguiu aos ziguezagues pelas ruas da Baixa, para chegar à Rua da Madalena.
Se a disputa pelo poder nestas eleições é a dois, entre o PS e o PSD, para o presidente do CDS os centristas terão de ser a opção para desempatar: “O voto útil em nome de valores e em nome de convicções. E o CDS representa exatamente isso: os valores da família, e da vida, a defesa da liberdade e da iniciativa privada, e a prosperidade“.
Mobilizações da IL e do Chega são faz-de-conta, acusa Chicão
“No domingo, todos os conservadores de direita têm uma coisa muito importante – todos aqueles que querem um governo de direita têm de concentrar o voto no CDS. Um voto no CDS não contra o PSD, pelo contrário é o que garante que o PSD não se entende com António Costa e que viramos a página do socialismo”, disse.
O centrista apostou ainda em menorizar as voltas das caravanas da Iniciativa Liberal e do Chega nestes 15 dias: “Acho curioso nunca terem perguntado pelas mobilizações de 20 ou 30 pessoas que teve a Iniciativa Liberal, das meias dúzias do Chega. O CDS teve sempre grandes mobilizações”. “Provámos que o CDS está vivo, e que será a grande surpresa no dia 30. Somos o partido que está enraizado na sociedade portuguesa, não somos o partido só do litoral, somos do Norte, do Sul, e das ilhas. Não somos o Chega, que vota qualquer tonteria da esquerda à direita e que viola os valores do verdadeiro democrata-cristão em Portugal”, acusou, recebendo instantes depois o apoio de uns quantos sociais-democratas que ficaram para trás, concluído o comício do PSD no Arco da Rua Augusta.
“Sem dúvida que o CDS faz falta a Portugal, porque os portugueses não podem ficar à mercê de forças populistas e extremistas, que querem ocupar o lugar do CDS. E se o PSD vencer, e não tiver maioria, o CDS deve ser o parceiro ideal para uma coligação”, defendeu Joana Valério, do PSD, que juntou a sua voz à de outros dois sociais-democratas com quem Chicão se cruzou.