A líder da CGTP admite preocupação com a maioria absoluta conquistada pelo PS nas legislativas, por considerar que António Costa deixou de contar com uma esquerda balizadora que existiu nos últimos seis anos. Apesar de a Intersindical ter sido a primeira organização a reagir à vitória socialista, através de um comunicado em que avisa que vai endurecer a luta nas ruas, Isabel Camarinha garante que “não foi um tom de ameaça”, mas, antes, um posicionamento de que “vai continuar a intensificar-se a luta dos trabalhadores”.
No Irrevogável desta semana, Camarinha explicou que a reação da CGTP surgiu porque a “situação que existia obrigava a esta analise, tendo em conta os problemas gravíssimos com que os trabalhadores e o País estão confrontados”. “Vai ter de continuar a intensificar-se a luta dos trabalhadores – não é começar agora a luta”, disse, no programa de entrevistas da VISÃO, onde garantiu que a Intersindical nunca deixou de se bater durante os executivos do PS, que foram apoiados pelo BE e PCP. “Uma mentira muitas vezes repetida pode parecer uma verdade, mas os trabalhadores e a CGTP nunca pararam de lutar; nunca houve um adormecimento, nem durante os últimos dois anos da pandemia”, apontou.
Sobre a maioria do PS, obtida a 30 de janeiro, a secretária-geral da CGTP foi taxativa: “As maiorias absolutas não consistiram nunca em fatores de estabilidade para a vida dos trabalhadores e para o País“. “Quem tem as mãos livres faz o que pretende”, reforçou, avisando a central sindical vai “exigir o cumprimento das promessas que o secretário-geral do PS fez na noite eleitoral, de diálogo”.
A revogação da norma de caducidade da contratação coletiva será apenas uma das exigências pelas quais a CGTP se vai bater, perante um “PS que mostrou uma intransigência, de que queria eleições e ambicionava esta maioria absoluta”, depois de BE e PCP terem pedido alterações daquela legislação laboral. “Já houve muitas maiorias absolutas que já foram derrotadas [nas ruas]”, concluiu Isabel Camarinha.
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