Ricardo Mexia apontou, esta quarta-feira, no Irrevogável, o programa de entrevistas da VISÃO, que a vitória de Carlos Moedas nas autárquicas deixou claro que “o contexto da câmara não é tão fácil como seria desejável para implementar um programa de forma plena”, tendo em conta que quer no executivo, quer na Assembleia Municipal – que ainda não tomaram posse – há uma maioria de esquerda. Mas também deixou um aviso aos socialistas: “Não me passaria pela cabeça que os militantes do PS e o PS colocassem acima dos interesses da cidade os seus interesses partidários”.
“Não esperamos uma tarefa fácil. Mas não era uma tarefa fácil desde o início”, adiantou, salientando que a coligação liderada pelo PSD tem “um projeto ambicioso, que está ao serviço dos lisboetas”, e que, por isso defende, ser “expectável que todos aqueles que foram eleitos com os votos dos lisboetas possam estar alinhados nesse futuro”.
Ainda assim, o terreno para haver estabilidade já estará a ser preparado: “Estamos confiante que conseguiremos trazer as outras forças políticas para concretizar aqueles que são os projetos”. “Independentemente de uma estrutura ou gabinete [junto do novo presidente da Câmara] que vá ao encontro dessa necessidade permanente de encontrar pontes, há na equipa pessoas com essa capacidade e que já estão no terreno a tentar encontrar esse futuro”, revelou.
“As diversas geometrias em que a Câmara poderá funcionar estão todas em cima da mesa”, disse, acrescentando que o, para o PSD, não há “a veleidade” de achar que as ideias que constam nos programas dos outros partidos são de descartar.
Solução passa pelo PS
Segundo Ricardo Mexia, os 14 anos de gestão socialista “já não tinham nada para trazer para a cidade”, a começar pela ocupação pelo PS das estruturas municipais: “Vimos que há uma serie de estruturas da cidade com uma prevalência de militantes o PS – por exemplo, da Carris”. Por isso, crê que possa ser difícil ao PS adaptar-se ao papel de derrotado.
“Não espero que haja um boicote ou bloqueio àquilo que são as opções [de Moedas]. Quero acreditar que as palavras que Fernando Medina proferiu no seu discurso da noite eleitoral [em que prometeu uma passagem de dossiês rápida e pacífica] se traduzam nessa transição e que não haja depois o tal boicote”, apontou. “Não me passaria pela cabeça que os militantes do PS e o PS colocassem acima dos interesses da cidade os seus interesses partidários. Seria muito triste para a nossa democracia que assim sucedesse”, acrescentou.
Quanto à Junta de Freguesia do Lumiar, em Lisboa, que conseguiu arrancar ao socialista Pedro Delgado Alves, Ricardo Mexia admitiu que, tal como aquele deputado socialista, não estará a tempo inteiro no cargo, porque irá “conseguir manter o exercício da atividade profissional” que tem como médico de Saúde Pública e epidemiologista – que o tornaram conhecido no último ano e meio de pandemia, com as várias intervenções públicas que foi tendo.
“Ser politico não é profissão e as pessoas devem manter a sua atividade profissional. Ainda por cima na minha atividade, que é um meio com uma atualização muito rápida, estar quatro anos fora do meu exercício profissional seria ter que partir do zero”, explicou.
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