“Um Presidente não se destina a ser popular. Se Marcelo Rebelo de Sousa quer ser popular, pode apresentar um programa da manhã.” Foi desta forma que Tiago Mayan, candidato a Presidente da República, defendeu esta quarta-feira que o chefe de Estado tem falhado no uso do seu magistério de influência e que isso ficou bem patente na conivência com o fim dos debates quinzenais no Parlamento. No Irrevogável, o programa de entrevistas políticas da VISÃO, o advogado que a Iniciativa Liberal (IL) decidiu apoiar lamenta que órgãos de soberania estejam “continuamente sujeitos à submissão ao Governo” e que, perante isso, o atual inquilino do Palácio de Belém nada faça.
Na entrevista, Mayan elencou as lacunas do mandato de Marcelo, com os incêndios de 2017, o folhetim de Tancos e a gestão da pandemia à cabeça. Sobre os fogos, disse mesmo que o Presidente deixou o terreno com palavras perentórias, mas o que ficou para a posteridade foram “fotos no telemóvel e terra queimada”. Acerca do assalto ao paiol e subsequentes manobras de encobrimento, frisou que assistimos ao “total desaparecimento do Comandante Supremo das Forças Armadas”. E quanto à Covid-19 reduziu o adversário a “um instrumento de ação do Governo”.
Além disso, asseugurou que teria reconduzido Joana Marques Vidal no cargo de procuradora-geral da República e insistiu na diferenciação face aos potenciais concorrentes, Marcelo, Ana Gomes e André Ventura, classificando-os como figuras “envolvidas com o sistema desde sempre”. Pelo meio, identifica António Ramalho Eanes como “uma referência ética” no desempenho das mais altas funções do Estado.
Mayan, que é também presidente do Conselho de Jurisdição da IL, adianta que promulgaria a proposta da Assembleia da República para legalização da eutanásia, denota preocupações – revela ficar “em alerta” – com a intenção do Governo de monitorizar o discurso de ódio nas redes sociais e defende a descentralização, que o partido advoga – “Lisboa também é vítima do centralismo do Terreiro do Paço”, enfatiza -, sem se comprometer com a regionalização, pela qual Rui Moreira se tem batido.
No que toca à candidatura, Mayan mostra-se confiante de contar com o apoio do presidente da Câmara Municipal do Porto (a cujo movimento pertenceu, tendo sido eleito para a Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde) e estende esse repto a Adolfo Mesquita Nunes, antigo vice-presidente e principal rosto da corrente liberal do CDS, que chegou a ser apontado como candidato às presidenciais do início do próximo ano.
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