André Ventura anunciara que o terceiro lugar, em número de votos, era o objetivo para a estreia do Chega nas autárquicas. Aí perdeu.
Embora tenha ficado atrás da CDU, conseguiu, no entanto, “humilhar” o BE, conquistando mais de 4% e mais 70 mil eleitores do que os bloquistas, ficando acima dos 200 mil votos. O resultado final é menos de metade do que Ventura alcançou nas Presidenciais deste ano, mas mais do triplo do que o partido alcançara nas legislativas de 2019.
A direita radical populista veio, pois, para ficar e esse é um trunfo que André Ventura pode exibir. Se o objetivo inicial se revelou inalcançável, a verdade é que há muitas razões para sorrir: o Chega passa a ter implantação nacional, de Bragança a Faro, e nas regiões autónomas. Elegeu 19 vereadores em concelhos como Vila Verde, Mangualde, Santarém, Salvaterra de Magos, Azambuja, Benavente, Entroncamento, Vila Franca de Xira, Odivelas, Sintra, Loures, Cascais (João Rodrigues dos Santos, irmão do jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos), Seixal, Moita, Sesimbra, Serpa, Moura (onde Ventura obteve mias de 25 por cento dos votos para a assembleia municipal, embora falhando a presidência), Loulé e Portimão.
Um dos grandes vencedores da noite, para além de Ventura, foi Nuno Afonso, dirigente nacional e coordenador autárquico, eleito vereador em Sintra, onde levou o Chega a terceira força política. O partido ultrapassou ainda os 170 deputados municipais e, quando ainda faltavam apurar vinte freguesias, estava à beira de superar os 200 eleitos nas assembleias de freguesia. E se em alguns concelhos em que o PSD foi vitorioso já se traçam cenários de eventuais acordos pós-eleitorais, o líder e deputado do Chega trava, para já, os ímpetos: “Os nossos únicos acordos serão com a população e o povo português”, afirmou, a partir de Braga, garantindo. “O Chega não está à venda”.