O Chega entrou na derradeira fase da sua estreia eleitoral autárquica com duas narrativas à escolha do freguês. A do presidente e deputado André Ventura é quase eufórica, de um “otimismo irritante”, como diria o outro: a fazer fé nas suas recentes intervenções públicas, o líder aponta ao terceiro lugar (em número de votos) para “alavancar a direita”, garante que o mapa político do País “nunca mais será o mesmo” e espera condicionar, à direita, através de acordos pós-eleitorais com o PSD, a formação de maiorias nos executivos camarários, de norte a sul, para arredar o PS do poder.
Há, contudo, uma versão mais moderada – realista, dizem alguns – protagonizada pelo próprio coordenador autárquico: “É praticamente impossível um partido ganhar uma câmara nas primeiras eleições em que participa”, reconhece Nuno Afonso à VISÃO, metendo o entusiasmo no congelador, mas aduzindo à conversa os nomes de cinco municípios que o deixam “otimista” quanto à possibilidade de eleger vereadores: Sintra (onde ele próprio se candidata, apesar do “silenciamento” de que diz ser vítima), Loulé, Loures, Matosinhos e Moura, o concelho alentejano, com forte implantação da comunidade cigana, onde o Chega obteve dos seus melhores resultados nas legislativas e no qual se espera o contágio do “efeito” Ventura, cabeça de lista à assembleia municipal.