A 30 de agosto deste ano, numa vindima do Interior do País, António José Seguro fazia as suas publicações nas redes sociais, afastado do frémito da política nacional e afirmando a sua condição de cidadão comum e pequeno empresário: “Hoje o dia começou bem cedo, é tempo de vindimar, um momento de trabalho, de partilha e de tradição que nos liga à terra e às nossas raízes. Em memória do meu pai, tornei-me um pequeno vitivinicultor e plantei esta vinha.” O País ardia entre os incêndios de verão e os da luta partidária, com ecos da Festa do Pontal e das alegadas ausências do Governo perante os fogos florestais. Marques Mendes e Gouveia e Melo, discretamente, congregavam apoios. António José Seguro, de chapéu de palha de aba larga, partilhava fotos entre videiras, no meio do seu “rancho” de trabalhadores, e notava, eufórico, a apanha de nove toneladas num único dia: “Um homem pode correr mundo, aprender e ensinar, mas nunca deve esquecer as suas raízes. Também nunca deve deixar-se colocar numa redoma de vidro, nem num pedestal que o afaste de olhar os seus, olhos nos olhos, de igual para igual”, acrescentava no dia 2 de setembro, adiafa concluída. Mais do que os seus adversários, estava a fazer campanha.

Uma campanha que aquece, agora, com uma profusão inédita de candidatos – nestas páginas falaremos dos principais nomes consagrados da política. E as águas começaram a dividir-se. Pelos apoios, do quem é quem e do quem está com quem, percebe-se uma fina divisão entre três candidaturas que procuram pescar nas mesmas águas. O PSD é o partido mais dividido, com pesos-pesados e antigos líderes a distribuírem-se, irmãmente, entre Gouveia e Melo e Marques Mendes. Este candidato, ele próprio um ex-presidente do partido, procura vincar a sua independência de espírito, apresentando um leque variado de apoiantes de várias proveniências e, sobretudo, com trabalho árduo feito junto da sociedade civil. O antigo comentador da SIC vai buscar nomes conhecidos ao desporto, como os ex-árbitros Duarte Gomes e Artur Soares Dias, o antigo selecionador nacional António Oliveira ou o popular ex-jogador e ex-treinador do Benfica Toni. Apresenta, ainda nesta área, a ex-judoca Filipa Cavalleri, o antigo médico da Seleção Nacional Henrique Jones e o promotor desportivo Carlos Móia. Tem dois generais na Comissão de Honra, para complicar a vida ao militar candidato; figuras da comunicação (Júlio Isidro, António Sala), banqueiros e empresários (Nuno Amado ou Armindo Monteiro, presidente da CIP) e empresários de sucesso (Leonor Freitas, dos vinhos D. Ermelinda) e personagens da cultura popular – o cantor Toy e as escritoras Margarida Rebelo Pinto e Alice Vieira.