“A menos que o primeiro-ministro esteja confortável em ser o novo José Sócrates da política portuguesa, só há um caminho para Montenegro sair disto com o mínimo de credibilidade e integridade. Deve apresentar hoje a demissão ao Presidente da República ou uma moção de confiança no parlamento”, escreveu Ventura na rede social X. As declarações do líder do Chega surgem na sequência de notícias avançadas nos últimos dias que revelam que a Solverde – uma empresa de casino e hóteis – paga uma avença mensal de 4500 euros à empresa familiar de Montenegro.
A notícia, avançada inicialmente pelo jornal Expresso, revela o grupo Solverde paga à empresa Spinumviva, detida pela mulher e os filhos do primeiro-ministro, uma avença mensal de 4500 euros por “serviços especializados de ‘compliance’ e definição de procedimentos no domínio da proteção de dados pessoais”. O acordo entre as empresas foi assinado em julho de 2021, seis meses após a constituição da Spinumviva.
Também de acordo com o semanário português, Montenegro trabalhou para a Solverde entre 2018 e 2022 enquanto representante do grupo em negociações com o Estado que resultaram numa prorrogação do contrato – que chega ao fim em dezembro deste ano – de concessão dos casinos do Algarve e de Espinho .
Há cerca de uma semana, no debate da moção de censura ao Governo, Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, já tinha questionado Montenegro sobre a sua relação com o grupo Solverde. Na altura, o primeiro-ministro respondeu que “não é preciso qualquer conflito de interesses que possa dimanar de uma relação profissional ou contratual” e que impor-se-á “inibição total de intervir em qualquer decisão” que respeite a Solverde ou a outras com que “estiver ligado por relações familiares, de amizade ou razões profissionais”.
Em resposta ao Expresso, o gabinete do primeiro-ministro referiu que “o primeiro-ministro pedirá escusa de intervenção em todos os processos em que ocorra conflito de interesses”.