Esta sexta-feira, 21, deverá ser debatida, no Parlamento, a moção de censura apresentada pelo Chega. André Ventura optou por mais esta iniciativa, depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, se ter recusado a fornecer mais informações do que as parcas declarações prestadas ao Correio da Manhã, na sequência da revelação de que estaria ligado a uma empresa imobiliária e que essa firma poderia vir a beneficiar da nova lei dos solos. É expectável que esta moção de censura seja inviabilizada por toda a esquerda parlamentar (além da AD), mas a polémica tem todos os ingredientes para perdurar.
Segundo uma investigação do citado matutino, Montenegro teria fundado a firma Spinumvita, de que se terá desligado, quando voltou à política ativa, deixando-a nas mãos da sua mulher, Carla Montenegro, e dos seus dois filhos, Hugo e Diogo, agora com 22 e 18 anos, respetivamente. Entre outras atividades, aliás, de largo espetro, a Spinumvita poderia atuar no âmbito imobiliário, beneficiando do leque de oportunidades conferido, no futuro, pela nova lei dos solos, que abre boa parte dos terrenos rústicos à construção. Ora, a Spinumvita gere o património imobiliário herdado por Montenegro, 49 prédios rústicos, como apurou a VISÃO. E essa é uma das razões por que, alínea a), esse património é suscetível de potencial valorização, com a aprovação da nova lei e, alínea b), o negócio, mesmo com o primeiro-ministro formalmente de fora, decorre no seu círculo íntimo. Esta semana, João Paulo Batalha, vice-presidente da Associação Frente Cívica defendeu que a Spinumvita deveria ser extinta, exatamente porque, através dela, há dinheiro a circular nesse mesmo “círculo íntimo”.