Na primeira vez que foi à televisão, os assessores tentaram convencê-la a arranjar o cabelo. Alexandra Leitão não cedeu. Ia explicar os motivos pelos quais o Estado não podia continuar a financiar contratos de associação com colégios em locais servidos por escolas públicas e estava fora de questão ceder a conselhos de imagem. “Eu sou assim. Eu não quero ser um boneco”, insistia, perante a exasperação do chefe de gabinete, José Couto, que resume numa frase todas as batalhas perdidas com a então secretária de Estado da Educação sobre media training e as vezes que viu as maquilhadoras das televisões quase perderem a paciência por não conseguirem fazer o seu trabalho como queriam: “Não deixa maquilhar a cara e muito menos a alma.”
Alguns anos depois, Alexandra Leitão já se habituou aos bastidores televisivos e até já concede num pouco de maquilhagem quando faz O Princípio da Incerteza, aos domingos, na CNN Portugal, mas nessa altura aparecia pela primeira vez como protagonista política numa batalha que a opôs aos colégios privados que eram financiados pelo Estado. Às sextas-feiras, autocarros vindos de vários pontos do País traziam a Lisboa professores, alunos e até pais dessas escolas privadas, todos vestidos de amarelo. “Foi uma fase difícil, também aí me tentaram colar a um plano ideológico, eu sempre expliquei que era uma questão gestionária, porque não fazia sentido apoiar privados onde há rede pública”, recorda Alexandra Leitão que, apesar disso, fala com grande entusiasmo sobre o período em que foi secretária de Estado de Tiago Brandão Rodrigues.