Já no início desta manifestação, que levou cerca de 45 minutos a percorrer um trajeto desde a Praça do Município, em Lisboa, até à Assembleia da República, o presidente do Chega alegou que o querem prender.
Logo no início da manifestação, que presidente do Chega tinha alegado que o querem prender: “Nós temos um conjunto de vândalos a destruir o País todas as noites. Se quem acabar por ir para a prisão for eu, está tudo errado neste país, está tudo errado na democracia, está tudo errado no Estado de direito que defendemos.” “Em todo o caso, vocês conhecem-me, eu penso que o País me conhece também, eu nunca na minha vida, nunca, fugi à minha responsabilidade”, acrescentou.
Sem nunca se referir diretamente ao inquérito que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu por declarações suas e do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, que corre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Lisboa, nem à queixa-crime que um grupo de cidadãos está a preparar por causa das mesmas declarações sobre a atuação da polícia, André Ventura referiu que está a ser ameaçado “com processos”. Mas garantiu que, aconteça o que acontecer, o seu partido fará “a revolução” para pôr fim ao “sistema dos últimos 50 anos”.
“É a revolução, a verdadeira revolução que nós queremos fazer em Portugal. Não há prisão que pare essa revolução, porque para prender a um eles terão de nos prender a todos e terão de nos pôr a todos na cadeia, a todos, a todos na cadeia”, exclamou o presidente do Chega.
“Não há ninguém, nenhum poder neste Estado nem nesta República, que nos parará. Ninguém parará este movimento. Nós somos a única salvação, a última salvação para Portugal”, declarou, no palco em frente à Assembleia da República, ladeado por duas grandes bandeiras nacionais.
Para Ventura, o Chega está fora da “classe política” e opõe-se ao “sistema dos últimos 50 anos” de democracia em Portugal: “Eles têm 50 anos do lado deles, nós temos a revolução do nosso lado, nós somos os novos, nós somos os inovadores, nós somos o espírito novo deste século, nós somos a novidade, nós somos a revolução, nós somos a transformação”.
A manifestação do Chega foi convocada como contraponto a outra realizada à mesma hora em Lisboa para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, o homem que morreu baleado pela PSP na segunda-feira na Cova da Moura, na Amadora.
Segundo a agência Lusa, o desfile do Chega, que decorreu de forma pacífica, as palavras de ordem mais repetidas foram “polícia sim, bandidos não” e “o lugar do ladrão é na prisão”, mas também se gritou “Ventura, Ventura” e “Portugal é nosso”.
No seu discurso, de vinte minutos, André Ventura reiterou a mensagem, já transmitida aos jornalistas no início, de que o Chega quer mostrar que há “outro país” além do que se manifestava “a um quilómetro ou dois” dali. O presidente do Chega dividiu o País em “dois lados”, um que está com “a bandidagem”, com “as minorias e os coitadinhos” e “sempre contra a polícia e contra a autoridade”, e outro que apoia as forças de segurança. “A toda a bandidagem deste país, nós temos uma mensagem: o vosso país acabou, o vosso país morreu”, disse.
Depois do hino nacional e do “Conquistador”, dos Da Vinci, a manifestação começou a desmobilizar por volta das 17h00, com o pedido de que quem se dirigisse à baixa de Lisboa procurasse “não arranjar confusão”.