O Presidente da República decidiu, esta terça-feira, durante um jantar com correspondentes de meios de comunicação estrangeiros, partilhar a sua análise à personalidade de António Costa, ex-primeiro ministro, e de Luís Montenegro, atual chefe do governo. Ambos, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, são “lentos”.
Nos vários relatos sobre o jantar que, esta quarta-feira, foram publicados, Marcelo terá dito qu Luís Montenegro é “uma pessoa que vem de um um país profundo, urbano-rural, com comportamentos rurais. É muito curioso, difícil de entender, precisamente por causa disso. Agora, é completamente independente, não influenciável e improvisador”.
O Presidente da República deu, aliás, como exemplo a formação do governo, após as Legislativas de 10 de março. “Formou um governo de forma impensável. Só começou a convidar os ministros na manhã do dia de me entregar a lista, um risco. E foi tão sigiloso, que nenhum deles sabia do outro. Só foram se encontrar no dia da posse”, relatou o jornalista brasileiro Vicente Nunes, autor do blog do Correio Braziliense.
De acordo com o mesmo relato, para o Presidente, Luís Montenegro é “muito, muito, muito sigiloso”, porque acredita ser um “erro falar, prefere o silêncio. Por isso, vai virar um político do silêncio”. “Há, também, o efeito surpresa. Quando esperam que ele faça algo, faz uma coisa diferente, ou na equipa ou na ideia”, acrescentou Marcelo rebelo de Sousa, dando como exemplo a escolha do comentador Sebastião Bugalho para cabeça de lista da Aliança Democrática às próxima Europeias, quando o nome constantemente apontado era o de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. “Foi totalmente uma improvisação, um segredo até o fim”, contou.
“Todos os dias, tenho surpresas, porque ele é imaginativo e tem um lógica de raciocínio como sendo de um país tradicional”, referiu. “É estimulante, mas, para mim, dá muito trabalho”, finalizou.
Quanto a António Costa, com quem manteve uma relação pessoal-institucional nos últimos anos, o Presidente da República referiu-se ao ex-primeiro ministro como “oriental” e que, devido a esta característica, “era lento, gostava de informar, acompanhar e entregar”. Montenegro, por sua vez, continuou Marcelo, “não é oriental, mas é lento, tem o tempo do país rural, embora urbanizado”. “Faz-me lembrar o antigo PSD (Partido Social Democrata), que era isso. O PS (Partido Socialista) era Lisboa, a grande Lisboa, as áreas metropolitanas, e o PSD era o resto do país, sobretudo o Norte e o Centro-Norte”.
No mesmo jantar, o Presidente da Repúblico revelou ter cortado relações com o filho, Nuno Rebelo de Sousa, devido ao chamado caso das gémeas. “É imperdoável, porque ele [Nuno] sabe que eu tenho um cargo público e político (…) Não sei se vai ser responsabilizado, não me interessa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, citado por órgãos de comunicação brasileiros. “Ele tem 51 anos, se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, sentir-me-ia corresponsável. Mas com 51 anos, é maior e vacinado”, acrescentou.