O novo ministro das Finanças da AD – à hora do fecho desta edição, o seu nome ainda era desconhecido – receberá de herança do governo socialista uma almofada financeira de €3 193,5 mil milhões, o valor do maior excedente orçamental em 50 anos de democracia. Fernando Medina, o ministro cessante, vai oferecer-lhe de bandeja os meios para fazer um brilharete e, se assim o entender, satisfazer as reivindicações das classes profissionais – polícias, professores, médicos… –, que contribuíram para avolumar o descontentamento que fez com que o PS perdesse as eleições.

Compete agora ao futuro titular das Finanças decidir o que fazer com este dinheiro. Joaquim Miranda Sarmento, coordenador do programa económico da AD, defendeu antes das eleições que “os excedentes devem servir para reduzir a dívida pública”. Mas não faltam “fogos” para apagar, e o primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, pode ter um entendimento diferente. No topo das prioridades do novo Governo poderá estar a atribuição do suplemento de missão às forças de segurança (PSP e GNR), estimado em €155 milhões anuais, a reposição do tempo de serviço congelado dos professores, durante os próximos cinco anos, orçado em €300 milhões, e um plano de emergência para o SNS, que pode envolver aumentos salariais reivindicados pelos médicos e outros profissionais de saúde. Com ou sem Orçamento Retificativo. Um ponto importante a ter em conta é o facto de esta almofada atualmente existir, sim, mas o custo com esses aumentos de classes profissionais públicas fica para sempre, ou seja, é despesa fixa e permanente em cada um dos anos.