O Chega candidatou o deputado Rui Paulo Sousa para presidente da Assembleia da República, naquela que será a quarta tentativa para eleger a segunda figura do Estado.
Os deputados voltam a reunir-se, nesta quarta-feira, a partir das 15h00, depois do adiamento da votação que chegou a estar marcada para o meio-dia. Ontem, José Pedro Aguiar-Branco foi a votos com a eleição aparentemente garantida, mas tal não se confirmou. Numa primeira votação, o deputado eleito por Viana do Castelo recebeu apenas 89 votos a favor, enquanto 134 parlamentares votaram em branco. Sete votos foram considerados nulos.
O resultado foi uma grande surpresa, pois, ainda na segunda-feira, André Ventura tinha anunciado um entendimento entre PSD, Chega e IL para eleger Aguiar-Branco (o que daria, pelo menos, 138 votos). André Ventura justificaria a posição com o facto de elementos da Aliança Democrática (mencionou Nuno Melo do CDS) terem, alegadamente, afirmado, durante o dia, “não existir nenhum acordo” entre as forças partidárias da direita.
Perante este impasse, os líderes das várias bancadas parlamentares (e a deputada única Inês Sousa Real) decidiram por uma nova votação, que, desta vez, contou com as candidaturas de Aguiar-Branco, Francisco Assis e Maria Manuela Tender, parlamentar do Chega. Assis (com 90 votos) e Aguiar-Branco (88 ) foram apurados para a segunda volta. Maria Manuel Tender ficou pelo caminho, com apenas 49. Eram 23h10, quando os resultados da terceira e última votação do dia foram anunciados pelo deputado do PCP, António Filipe, que presidiu à sessão. Os números confirmaram que nenhum dos candidatos conseguiu chegar aos 116 votos necessários para a eleição: Francisco Assis (nome indicado pelo PS) 90 votos e José Pedro Aguiar-Branco (PSD) teve 88. Houve ainda 52 votos brancos.
A (longa) novela em que se tornou este primeiro dia do novo Parlamento é inédita. O “braço-de-ferro” pode também colocar em causa a eleição dos “vices” da Assembleia da República, nomeadamente do deputado do Chega, Diogo de Pacheco de Amorim.
A situação faz recuar ao caso de Fernando Nobre, que, em 2011, viu o seu nome – que tinha sido escolhido pelo PSD de Pedro Passos Coelho – ser chumbado para o cargo, por duas ocasiões. Em alternativa, seria eleita Assunção Esteves como presidente da Assembleia da República. Fernando Nobre acabaria, duas semanas depois, por abdicar do lugar de deputado.