“Nós aconselhávamos Inês Sousa Real a não ser tão vegan, porque o veganismo a ela não lhe faz bem [afasta os braços dando volume ao corpo]. Eu acho que o melhor é mesmo comer carne.” A frase, dita por João Tilly, na VI Convenção Nacional do Chega, em Viana do Castelo, não foi descuido nem precipitação. Resume, sim, o estilo deste professor de Matemática de Seia, que, investido como combatente político nas redes sociais, tornou-se, nos últimos anos, um dos principais influencers da direita radical populista em Portugal. Líder da distrital de Viseu do Chega, Tilly foi cabeça de lista por aquele círculo nestas legislativas. O partido somou 19,45% (mais de 40 mil votos), melhor ainda que a média nacional. O Chega elegeu dois dos oito deputados daquele distrito. João Tilly tem lugar reservado no Palácio de São Bento.
Esta é, aliás, das poucas certezas quanto à próxima legislatura. Ao superar a marca de um milhão e cem mil votos, em apenas cinco anos, o Chega muda radicalmente o rosto do hemiciclo. A marca histórica de 18,06% – superando o Partido Renovador Democrático (PRD) de Hermínio Martinho, em 1985 (teve 17,92%) – vale a eleição de 48 deputados, um grupo que conta com (muitos) “reforços” vindos de outros partidos, mas também com figuras como João Tilly, que se tornaram politicamente ativas, a partir da sociedade civil, agarrando a oportunidade de seguirem um percurso partidário que jamais haviam previsto ou sonhado.