O Livre foi o único partido da ala mais à esquerda que, nas últimas legislativas, não caiu vítima da síndrome do voto útil, que deu a maioria ao PS de António Costa. O BE passou por uma hecatombe, com o seu pior resultado nos últimos 20 anos (em 2022, teve menos de metade dos votos de 2019, e o grupo parlamentar caiu de 19 para 5 deputados); a CDU teve uma queda apenas um pouco menos dramática, perdendo metade da representação parlamentar (de 12 para 6); o Livre conseguiu crescer 27% em número de votos, face a 2019, embora não o suficiente para eleger mais do que um deputado.
E isto após uma desventura: a zanga feia e bem pública entre o partido e Joacine Katar Moreira, a qual levou a primeira deputada eleita pelo Livre a ver-lhe retirada a confiança política, ao fim de três meses e uns trocos, e a fazer o resto do mandato como deputada não inscrita. Escaldado, em 2022 o partido já não arriscou num salto no desconhecido e decidiu apostar num valor seguro, com Rui Tavares a assumir o lugar de cabeça de lista por Lisboa, tal como tinha acontecido na primeira vez que o Livre concorrera a umas legislativas, em 2015.