Já passaram mais de 15 dias após o pedido de demissão de António Costa, na senda das buscas do Ministério Público, que levaram à detenção, entre outros, do melhor amigo do primeiro-ministro e do chefe de gabinete em São Bento. De acordo com o guião concebido por Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro ainda terá mais uma semana em plenas funções, até o seu governo entrar em gestão com poderes limitados. Todavia, já cheira a fim de regime, e há ministros que não escondem que se sentem com poderes limitados, principalmente os que tutelam os setores mais problemáticos do Estado.
Este que parece ser um certo modo “zombie”, em que se encontra o terceiro executivo de Costa, devido à operação Influencer, agravou-se com a saída de João Galamba. A absorção pelo primeiro-ministro de assuntos importantes da tutela do agora ex-ministro das Infraestruturas deixa no ar a dúvida sobre o que o PS fará em relação a duas grandes questões – o futuro aeroporto de Lisboa e a privatização da TAP. Empurrará com a barriga até à tomada de posse de um novo governo, em 2024, ou deixará a sua marca, a exemplo de decisões polémicas tomadas por outros governos de gestão, como foi a aquisição do Siresp pelo executivo de Santana e a entrega da TAP a privados, na 25ª hora de Passos Coelho, em 2015?