Pelo menos 15 contas de ódio portuguesas foram suspensas ou banidas pela rede social X (ex-Twitter), anunciou, na quinta-feira, o “Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo” (GPAHE na sigla em inglês). Todas estas contas e utilizadores já tinham sido identificadas num relatório divulgado pela organização norte-americana.
Segundo a GPAHE, uma das contas suspensas pertenceria ao neonazi Mário Machado, que publicava vídeos de teor racista contra imigrantes ou afrodescendentes “envolvidos em situações de violência ou outros comportamentos com o objetivo de incitar a animosidade racial”.
Outras contas nacionalistas e conservadoras foram “banidas permanentemente”, como a de Afonso Gonçalves – protagonista da invasão da sessão de apresentação do livro “No Meu Bairro”, escrito por Lúcia Vicente e ilustrado por Tiago M., que decorria na livraria Almedina Rato, em Lisboa –, que se dedicava a partilhar online comentários que visavam atacar mulheres, homossexuais, imigrantes e pessoas de ascendência africana. O utilizar anónimo Leviathan1143, simpatizante de grupos associados a estes movimentos, também foi expulso da rede social propriedade de Elon Musk.
A GPAHE destaca ainda que “várias contas ligadas ao partido de extrema-direita Chega também foram removidas”. A organização recorda que “os apoiantes do Chega têm um longo historial de suspensão do Twitter por violarem os termos da plataforma (…) [o que] inclui o próprio líder do partido, André Ventura, que afirma ter sido suspenso [daquele rede] pelo menos nove vezes”.
Desta vez, a conta oficial do Chega no X “foi bloqueada temporariamente no dia 13 de setembro” e não conseguiu publicar conteúdos “durante vários dias”.
Entretanto, João Tilly, presidente do Conselho Nacional do Chega e da distrital de Viseu do partido foi “permanentemente suspenso” na passada terça-feira, dia 17. Outra conta suspensa foi a de Miguel Lourenço, ex-candidato do Chega à Câmara do Sabugal, muito ativo no TikTok, e que já tinha sido acusado de partilhar uma gravação falsificada de uma suposta conversa telefónica entre Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, e um jornalista brasileiro.
Outro figura ligada ao Chega, Gonçalo Sousa, antigo candidato à vice-presidência da Câmara de Oeiras pelo partido, também terá sido “banido” do X no início deste mês. O “Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo” divulga que, numa mensagem enviada a João Antunes – outro influencer associado à extrema-direita –, Gonçalo Sousa confirma que foi “banido para sempre” e “nunca mais poderá ter uma conta no Twitter”. Sousa é conhecido por fazer “regularmente declarações racistas e preconceituosas contra imigrantes e outras minorias”, espalhando a teoria da conspiração da “grande substituição populacional” e utilizando a desinformação para proceder a uma “limpeza a imagem” do ex-ditador português, António Salazar.