É uma das maiores pedras no sapato do Governo: o número de portugueses sem médico de família tem aumentado constantemente, desde 2019, afastando do discurso dos políticos a promessa de acesso pleno a estes clínicos. Questionado sobre os 1,7 milhões de portugueses sem médico de família, durante o debate do Estado da Nação, nesta quinta-feira, o ministro da Saúde mostrou-se otimista e avançou que no último mês conseguiu suprir as necessidades de 170 mil portugueses. “Esperemos que vá melhorando progressivamente”, disse.
Manuel Pizarro explicou ao Parlamento que a sua estratégia passa pela alteração de regras nos concursos e aproveitar a reforma dos cuidados de saúde primários, incentivando à passagem para unidades de modelo B (com maior nível de autonomia) para resolver a falta de médicos. “Já conseguimos em junho diminuir em 170 mil os utentes sem médico de família e vamos prosseguir esse esforço”, fez saber o governante, que dedicou a sua intervenção no último debate antes das férias de verão à defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Manuel Pizarro defendeu que a reorganização do SNS “leva tempo”, mas “está a acontecer” e que – em conjunto com a Direção Executiva do SNS e os municípios que estão a receber algumas competências na área da saúde – este Governo está a fazer a “mais profunda organização orgânica feita no SNS em quatro décadas”. Socorrendo-se “dos bons resultados” da modelo de urgências obstetrícias rotativas, numa altura em que a natalidade aumentou (mais 4,4% no primeiro trimestre que em período homólogo), dos fundos do PRR aplicados na saúde mental, do investimento em tecnologia e do aumento do financiamento, desde 2015 (mais 56%).