Parecia a melhor solução que o Governo arranjara para os azarados helicópteros Kamov, que, há 16 anos, o Estado comprou por €50 milhões: entregá-los à Ucrânia, país que conhece bem estas aeronaves pesadas, de origem russa, até porque, com o desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ficou não só a saber fazer a sua manutenção complexa como conservou, no seu território, parte da sua construção, através da empresa Motor Sich. Só que já passaram mais de sete meses após o compromisso assumido pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, e aqueles que são conhecidos como os “todo-o-terreno” do ar mantêm-se, no Aeródromo Municipal de Ponte Sor, sem avistarem um destino. Estão ali selados, desde abril de 2018, por ordem da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), na sequência de suspeitas de furto de peças e de motores, que recaíram, na altura, numa empresa ucraniana de manutenção.
Em causa, apurou a VISÃO, está a pouca urgência de Kiev em receber as seis aeronaves, que estão em diferentes estados de conservação – uma encontra-se completamente danificada, há 11 anos. Aliás, fontes ligadas ao processo revelaram que, para a Defesa ucraniana, elas não integram a lista de material de que Kiev necessita com prontidão da parte dos países europeus. Ainda assim, caso Portugal e o Grupo de Doadores [organização constituída por mais de meia centena de Estados, que fornece equipamento militar] consigam fazer chegar os helicópteros à Ucrânia, a sua finalidade será somente de formação de pilotos do DSNS (o serviço de emergência ucraniano), e isto depois da reparação profunda de que carecem.