Mário Centeno, antigo ministro das Finanças, garantiu, esta segunda-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, que não existia nenhuma informação sobre a TAP na chamada “pasta de transição” entre o governo PSD/CDS, cujo programa foi chumbado na Assembleia da República a 10 de novembro de 2015, e o governo do PS, liderado por António Costa, com o apoio parlamentar do PCP e do Bloco de Esquerda.
“A dimensão TAP era inexistente na pasta de transição das Finanças do XX governo para o XXI governo”, respondeu Mário Centeno ao deputado Pedro Filipe Soares (BE), acrescentando, por isso, não estar em condições de responder à perguntas sobre os chamados “fundos Airbus”, dinheiro que o empresário David Neeleman usou para capitalizar a companhia, durante o processo de privatização de 2015.
O atual governador do Banco de Portugal saiu do Governo antes da polémica indemnização de 500.000 euros paga à ex-administradora Alexandra Reis, que deu origem a esta comissão de inquérito, mas era ainda ministro durante uma parte do período em que os trabalhos incidem (2020-2022), mas ao qual não se cingem.
O antigo responsável das Finanças tutelava a TAP, juntamente com o Ministério das Infraestruturas, quando a companhia aérea entrou em dificuldades na sequência da pandemia de covid-19 e o Governo decidiu intervir com um auxílio de emergência, com o aval da Comissão Europeia.
O auxílio fixou-se em 3.200 milhões de euros e foi acompanhado por plano de reestruturação que envolveu despedimentos e cortes salariais a todos os trabalhadores da companhia aérea, que ainda estão a ser aplicados, mas nessa altura Mário Centeno já não estava no Governo.