Da esquerda à direita do hemiciclo, só ao Chega o PAN diz convictamente “não”. O partido está disponível para falar com todos, para colaborar com um governo do PS ou do PSD; tanto defende a iniciativa pública como a privada e não discute ideologias, mas medidas e causas. Ora, o debate interno não é simples, num partido que tão depressa tem uma deputada que se desvincula e acaba a juntar-se à extrema-direita (Cristina Rodrigues deixou o PAN em 2020, e, neste ano, filiou-se no Chega) como aceita ser interlocutor privilegiado do PS e viabiliza, com a sua abstenção, Orçamentos do Estado socialistas.
Acresce que, após o rombo eleitoral de 2022, a agenda se tornou confusa, sem meios para acompanhar a espuma dos dias e até para vincar as suas origens ligadas à defesa dos animais, do ambiente e dos direitos humanos. O momento é de viragem para o PAN, mas – independentemente de, no próximo fim de semana, a liderança da deputada Inês Sousa Real ser reconfirmada, ou de a oposição interna encabeçada pelo ex-parlamentar Nelson Silva ganhar voz – todos consideram que o futuro do partido deve passar pela recuperação do seu eleitorado inicial, concentrando-se nos temas que lhe deram fôlego político.