Cerca de três horas depois de a deputada liberal Carla Castro ter revelado nas redes sociais que abandonava a vice-presidência da bancada parlamentar da IL, alegando estar a sem mantida à margem da estratégia e da gestão do grupo, o partido já veio não só censurar o momento escolhido pela dirigente para fazer tal anúncio, já que ocorre num momento de conflito entre Belém e São Bento, como contar uma outra versão do caso.
Segundo Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da IL, Castro começou por informar, na quinta-feira, o presidente do partido, Rui Rocha e a direção da bancada sobre a “intenção de se demitir da função de vice-presidente”, tendo lhe sido dito que deveria expor tal decisão na reunião do grupo parlamentar.
Aí, sinaliza Saraiva num comunicado entretanto emitido, “os fundamentos invocados foram liminarmente refutados pelos restantes deputados presentes, tendo a deputada Carla Castro sido convidada a ponderar essa decisão”, até porque, haverá uma “reorganização de todas as funções” dos deputados liberais em setembro. “Foi-lhe igualmente explicado o potencial impacto externo, nomeadamente num momento em que o partido e o grupo parlamentar tinham estado sob forte pressão pública nas horas precedentes“, explica.
Ou seja, Carla Castro terá ouvido o apelo para que pensasse nas “consequências” da sua decisão, assim como na “leitura política que uma atitude desta natureza, no momento em que estava a ser tomada”, já que poderia fragilizar o grupo parlamentar e partido.
“Foi ainda solicitado à deputada Carla Castro que esclarecesse, caso mantivesse essa intenção claramente lesiva dos interesses do grupo parlamentar e do partido, se estenderia a sua decisão a outros cargos que exerce, nomeadamente no Conselho de Administração da Assembleia da República”, diz Rodrigo Saraiva, que, além de “lamentar” este episódio, adianta que a parlamentar “persistiu na sua intenção de se demitir apenas da vice-presidência” da bancada e não dos cargos para o qual foi indicada pela IL.
Foi no Twitter que Carla Castro anunciou a renúncia, queixando-se de não ser tida em conta nas decisões de Saraiva.