Quando João Cotrim de Figueiredo comunicou, no final de outubro, a sua indisponibilidade para terminar o segundo e último ano do seu mandato como presidente da Iniciativa Liberal, a balança da corrida interna surgiu logo descompensada. Poucas horas depois do anúncio, o líder demissionário apresentava o seu apoio ao deputado Rui Rocha, que já conhecia a decisão e, nos bastidores, se preparava para avançar para a corrida eleitoral. Na bancada parlamentar, todos os deputados que tornaram público o seu sentido de voto na Convenção Nacional deste fim-de-semana (só Carlos Guimarães Pinto e o líder parlamentar, Rodrigo Saraiva, não o fizeram) juntaram-se ao movimento da “lista L”. como os dirigentes nacionais mais sonantes. Mas a eleição não está ganha à partida, o voto é individual. Quem terá conseguido conquistar os membros na volta a Portugal?
O resultado da corrida à sucessão de Cotrim é decidido por maioria simples e estão inscritos 2 327 militantes (de um universo de cerca de seis mil) e tanto Rui Rocha como Carla Castro visitaram os núcleos do partido de norte a sul do país.
Os principais dirigentes seguiram Cotrim e declararam o seu apoio a Rui Rocha, que tem, na sua lista à Comissão Executiva, 16 nomes da atual direção (entre estes contam-se os parlamentares Bernardo Blanco e Joana Cordeiro e o atual “vice” Ricardo Pais Oliveira ou o secretário-geral, Miguel Rangel). Subscrevem ainda a sua proposta de Rocha liberais como o deputado municipal do Porto, Mário Amorim Lopes; a deputada municipal de Lisboa Angélique Da Teresa; o dos Açores, Nuno Barata.
A votação decorrerá de forma eletrónica e a Comissão Executiva é escolhida com voto direto, pessoal e secreto.
Carla Castro, por sua vez, reúne o apoio dos descontentes com Cotrim, entre os quais se conta o primeiro presidente da IL e deputado na Câmara de Lisboa, Miguel Ferreira da Silva, e o candidato presidencial, Tiago Mayan Gonçalves. Da atual direção tem ao seu lado Paulo Carmona e o dirigente Rafael Corte Real considerou também, em declarações à VISÃO, que a candidata é, na sua opinião, a mais bem preparada para ocupar o cargo.
Já ao conselheiro nacional José Cardoso – que tem recusado, em entrevistas, a desvantagem na corrida interna – não é possível associar nenhum dos principais porta vozes do partido. Entrou tarde e está longe da agenda mediática liberal.
A escolha da nova comissão executiva acontece este domingo, 22, de forma eletrónica e o processo eleitoral será validado por uma consultora contratada para o efeito. De acordo com o regimento da Convenção, “é aprovada como Moção de Estratégia Global pela Convenção Nacional, a Moção que obtiver a maioria simples dos votos” e “a lista proponente da Moção de Estratégia Global mais votada é eleita como Comissão Executiva”. Já nas eleições para o Conselho Nacional, o Conselho de Jurisdição e o Conselho de Fiscalização será utilizado o método de Hondt para a conversão dos resultados em mandatos.