Desde a gestão de Maria de Lurdes Rodrigues, à frente do Ministério da Educação, que a luta dos professores não endurecia tanto, prenunciando tempos de grande conflitualidade no setor. Apesar de visto com bons olhos pelos docentes, em março de 2022, quando sucedeu a Tiago Brandão Rodrigues, o ministro João Costa parece ter perdido esse voto de confiança com o arranque do ano letivo. O governante, o mesmo de quem diziam ter revolucionado o sistema de ensino durante a Geringonça enquanto secretário de Estado, assiste, neste início de ano, a uma onda invulgar de contestação, com a máquina sindical a dar mostras de estar a reunir as condições para abanar a gestão da tutela, como aconteceu em 2008, quando Mário Nogueira, líder da Fenprof, levou 100 mil docentes às ruas de Lisboa – naquela que foi a maior manifestação de sempre destes profissionais.
A dúvida, neste momento, é sobre se Nogueira se mantém como o rosto da insatisfação – graças ao estatuto alcançado por quase duas décadas de liderança da organização federativa –, tendo em conta que o pontapé de saída para os atuais protestos foi dado pelo STOP, um sindicato emergente que veio mudar a forma como os professores se manifestaram nos últimos 14 anos e que tirou do sério João Costa, quando viu na rua milhares de docentes na véspera de Natal.