Serão três as alegadas “esquadras informais” que a China manterá em Portugal, através das quais as autoridades de Pequim forçarão o regresso ao País de cidadãos chineses que fugiram por razões políticas e sociais. Porto, Lisboa e Madeira sedearão os tais gabinetes, de acordo com o último relatório da Safeguards Defenders, uma organização não governamental de defesa dos direitos humanos na Ásia, que a Iniciativa Liberal (IL) revelou no debate sobe política geral no Parlamento, esta quarta-feira.
“Há indícios de que estas brigadas se articulam com o departamento da Frente Unida do Partido Comunista Chinês. Temos aqui alegações gravíssimas do ponto de vista dos direitos humanos, da soberania nacional e da segurança nacional, porque há agentes de propaganda ao serviço do Partido Comunista Chinês a operar em Portugal“, apontou Cotrim de Figueiredo, líder da IL, que questionou o primeiro-ministro sobre se tinha conhecimento do caso. “Como responsável pelos serviços de informação, pode confirmar e o que estão a fazer os serviços para parar esta situação?”, apontou.
Todavia, António Costa assumiu não contar com “nenhum conhecimento” deste relatório e muito menos de tais brigadas. “Seguramente que os serviços [de Informação] também não têm, senão já me teriam dado conhecimento“, concluiu, sugerindo a Cotrim a entrega daqueles documentos à PGR.
Em causa, segundo o relatório, que pode consultar aqui em inglês, estão dezenas de esquadras informais destas em todo o mundo, através das quais, ao longo de pouco mais de um ano, até ao verão de 2022, foram repatriados 230 mil chineses, com o recurso a medidas nada democráticas e violadoras dos direitos humanos, para serem apresentados à Justiça.
Nem todos aqueles 230 mil chineses cometeram crimes crimes – segundo as próprias autoridades chinesas, sendo que os familiares desses cidadãos serão obrigados pelas autoridades de Pequim a colaborar no processo de repatriamento. Os métodos incluem, geralmente, ameaças e assédio aos membros da família, seja por meio online ou físico.
Através da ação de 54 esquadras chinesas, os repatriados terão regressado para enfrentar possíveis acusações criminais na China.