João Paulo Ventura, 59 anos, é coordenador de investigação criminal e oficial de ligação da Polícia Judiciária (PJ), na Representação Permanente de Portugal na União Europeia. Era um miúdo, assume, quando entrou na PJ. Tinha 23 anos. “Quando fui para a antiga Direção Central de Combate ao Banditismo, não tinha a mínima ideia do que era terrorismo.” Em agosto de 1987, o confronto com a realidade foi rápido. E doloroso. Na sequência de uma operação de combate à organização terrorista de extrema-esquerda FP-25, o colega Álvaro Militão é baleado e morre. “É aí que ganho consciência dos terrenos em que me tinha metido”, conta.
Passaram 35 anos e missões em cerca de 60 países, incluindo o tempo em que esteve colocado na Europol, quando, a seguir aos atentados de 11 de Setembro de 2001, se constituiu a primeira task force contra o terrorismo. “Tenho uma dívida de gratidão em relação à PJ, organização com enorme prestígio internacional, onde literalmente cresci, aprendi e conheci o mundo”, diz, sem esquecer as portas abertas no mundo académico, com o qual defende cada vez mais sinergias e interação.