Ele pode tudo. Pode escolher e impor candidatos a órgãos internos ou a eleições nacionais. Pode exonerar líderes distritais, condicionar a apresentação de listas opositoras e até suspender a democracia interna a bem da “nação Chega” ou do que ele entende como tal. Ao longo do tempo, a maioria do partido deu a André Ventura carta-branca para modificar programa, estatutos, regulamentos e práticas internas. Hoje, acusam-no de desvios autoritários. A contestação sobe de tom e estilhaçou de vez o equilíbrio precário entre fundadores e “cristãos-novos”. Outros, porém, nem sequer esperaram. “Enquanto precisou de nós e quis ser eleito deputado, fomos os cavalos que engordam com o olhar do dono. Mas quando se viu na Assembleia da República, esqueceu quem o ajudou a criar o partido. Aquilo sempre foi um projeto de poder pessoal”, comenta Carlos Silva Monteiro, antigo vice-presidente do Conselho de Jurisdição. “Passava a vida a interferir nos assuntos daquele órgão, suspendiam-se pessoas para não participarem nos processos eleitorais e ainda guardo processos que terminei, mas que nunca tiveram seguimento, porque sua excelência não quis. Nunca conheci ninguém com o estofo moral tão baixo. E olhe que já combati com mercenários…”
A mutação do chefe