“Hoje o que importa é falar sobre as nossas Forças Armadas”. O Presidente da República dedicou o seu discurso na sessão solene da 48.º celebração do 25 de Abril aos militares que tiveram um papel tão “importante no passado e que têm no presente e no futuro”, mas que nem sempre têm conseguido os recursos necessários para concretizar as suas missões. E se “mesmo quando lhes faltam esses meios são das melhores”, continuou Marcelo Rebelo de Sousa, “não podemos pensar que podemos dispensar de nelas insistir”.
O chefe de Estado recordou as provas dadas nos últimos tempos, desde o papel dos militares no plano de vacinação durante a pandemia, ao trabalho nos incêndios e até à missão de paz na Roménia para onde partiu um grupo de militares na semana passada. “Previnem, ajudam a construir e preservam a vida em paz”, descreveu, sublinhando que muitas vezes as Forças Armadas fazem “milagres” com os recursos que têm. Todavia, recordou, estas circunstâncias não se podem manter a longo prazo, sob pena de no futuro não no podermos “queixar” ao ter “desilusões” ou ao assistir a “afastamentos” políticos.
Aplaudido de pé por todas as bancadas, à exceção da da Iniciativa Liberal e da do Chega, Marcelo que dedicou praticamente todo o seu discurso ao patriotismo das Forças Armadas, tendo apenas feito, para além disso, uma alusão a Jorge Sampaio. No dia de comemorar a Revolução dos Cravos, notou que “sem as Forças Armadas a nossa paz, segurança e liberdade ficarão mais fracas. Temos de querer que tenham mais condições para que sejam mais fortes”. “Para que esse sonho do 25 de Abril viva sempre”, especialmente numa altura em que, segundo Marcelo, “as nossas fronteiras já não são as mesmas”. São definidas pela paz, pela luta contra as desigualdades, a pobreza, as alterações climáticas.
Ao discurso do Presidente da República seguiu-se o hino nacional e, já encerrada a sessão, deputados, ministros e convidados nas Galerias da sala do Senado levantaram-se para cantar “A Grândola”, um momento fora do guião e que aconteceu pela primeira vez nesta data dentro do hemiciclo. Fora do improviso ficou somente o Chega, que abandonou a sala assim que se começaram a ouvir as primeiras palavras do hino de Abril.