Luís Montenegro avançou, esta quarta-feira, para a segunda tentativa de conquista da liderança do PSD, após a derrota à tangente em 2020, frente a Rui Rio. O antigo responsável pela bancada social-democrata durante a presidência de Pedro Passos Coelho defendeu que conseguirá assegurar a “oposição implacável” que o País precisa, com um PSD unido, moderno e que “tem de saber comunicar”.
“Sou candidato ao PSD para ser primeiro-ministro de Portugal”, disse, na sede do partido, na São Caetano à Lapa, em Lisboa, aludindo à possibilidade de o secretário-geral do PS não vir a cumprir o mandato todo. Ainda assim, se tiver que aguentar uma travessia no deserto, Montenegro garante que não atirará a toalha ao chão; antes pelo contrário: “Não nos assustam maiorias absolutas, nem mandatos longos. Pelo contrário. Encarámos isso como um desafio. Seremos eficazes na oposição para um dia sermos eficientes no Governo”.
Perante uma pequena plateia de vários notáveis do partido, como a ex-presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves; os ex-deputados Pedro Duarte, Hugo Soares e Leitão Amaro; o homem das finanças de Rui Rio, Joaquim Miranda Sarmento; e a histórica social-democrata Conceição Monteiro, Luís Montenegro começou por traçar o perfil de uma governação socialista que “está a nivelar a sociedade portuguesa por baixo”.
O PSD é o incumbente do espaço não socialista. Tem de voltar a ser a casa-mãe de todas as tendências não socialistas
Luís Montenegro, na apresentação de candidatura a líder do PSD
“O socialismo trouxe consigo pobreza, serviços de saúde asfixiados, clientelismo, impostos, dívida e, paradoxalmente, para um projeto de esquerda, um Estado Social frágil e abandonado”, apontou, afirmando que perante este cenário e de um PSD que precisa de voltar a ocupar “o espaço seu por natureza”, no centro-direita”, decidiu avançar para a corrida à liderança. “Esta candidatura resulta de uma ponderada reflexão e de uma inabalável convicção de que sou capaz de unir o PSD e de o abri-lo à sociedade. O PSD só pode sobreviver e prosperar se souber atrair”, argumentou, frisando que os portugueses já deram sinais de que “querem lideres com elevados padrões éticos e competência politica”.
Tentar a sorte já em 2024 (e com votos de “tendências”)
Segundo Montenegro, “Portugal precisa de uma oposição implacável com os desvios do Governo“. Isto é, “uma oposição pronta para governar a qualquer momento”, disse, aludindo à possibilidade de Costa não levar o mandato até ao fim, em 2026, e sair a meio, em 2024, após as eleições europeias, quando será escolhido um novo presidente do Conselho Europeu.
Apesar de arrancar agora “uma nova legislatura”, “isso não nos dá mais esperança e tranquilidade”. “É chegada a hora de abrir um novo ciclo no PSD, apontou, acusando que o “País vive há demasiado tempo amarrado ao socialismo, ao amiguismo e à subsidio dependência”.
Para chegar ao poder, Montenegro delineou uma estratégia: resgatar os votos de quem rumou ao Chega e à Iniciativa Liberal. “A dispersão de votos no centro-direita mostra que há espaço para novos discursos e renovadas narrativas. Esse espaço é, por natureza, o espaço do PSD. O PSD é o incumbente do espaço não socialista. Tem de voltar a ser a casa-mãe de todas as tendências não socialistas“, disse.
Porém, quando confrontado, numa fase de perguntas dos jornalistas, com qual a posição que o PSD deveria adotar face à moção de rejeição do programa do Governo que o Chega já anunciou que vai apresentar, Montenegro atirou para o ainda presidente do partido uma decisão, lembrando que ainda não está a vestir o “fato de líder”. Ainda assim, admitiu que espera ter “um trabalho muito profícuo com o grupo parlamentar”.
O ex-líder da bancada parlamentar do PSD recusou também tecer grandes comentários sobre o facto de vir a ter o ex-ministro do Ambiente de Passos Coelho, Jorge Moreira da Silva, como adversário na corrida: “É um amigo e uma pessoa muito qualificada no PSD”.