Renata Cambra, porta-voz do Movimento Alternativa Socialista (MAS), vai ser representada pelo advogado António Garcia Pereira, antigo líder do PCTP/MRPP, na queixa que apresentou contra Mário Machado e Ricardo Pais, na sequência de um diálogo, na rede social Twitter, em que estes indivíduos incentivavam a violência sexual dirigida a mulheres ligadas a partidos de esquerda – tendo como alvo, em particular, Renata Cambra.
Na passada quinta-feira, 17, Mário Machado – que tinha regressado, há um mês, às redes sociais – defendeu, no Twitter, “a prostituição forçada das gajas do Bloco”. Ricardo Pais acrescentou “as do PCP, MRPP, MAS e PS”. Machado respondeu: “Tudo tipo arrastão”. E, por fim, Pais disse que “a Renata Cambra terá tratamento vip“. “Servirão para motivar as tropas, na reconquista”, concluiu este internauta.
Renata Cambra denunciou, de imediato, a conversa, partilhando-a nas suas redes sociais, e anunciou que iria “apresentar uma queixa-crime” contra Machado e Pais. Entretanto, a conta noTwitter de Machado voltou a ser suspensa.
Esta não é, aliás, a primeira vez que Mário Machado se vê envolvido numa polémica nas redes sociais, depois de, em 2019, o Ministério Público ter aberto um inquérito para investigar eventuais crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, na sequência de uma publicação do movimento Nova Ordem Social (NOS) – que, neste momento, se encontra inativo –, liderado pelo principal rosto da extrema-direita em Portugal. No passado mês de novembro, Machado seria (novamente) detido, pela Polícia Judicária, depois de as autoridades terem encontrado uma arma de fogo e munições ilegais na sua residência quando realizavam buscas no âmbito desta investigação.
MAS aponta o dedo ao Chega
Em comunicado, hoje divulgado, o MAS aponta o dedo ao Chega e a André Ventura, destacando que Mário Machado e Ricardo Pais “são conhecidos apoiantes” daquele partido da direita radical populista – Machado chegou, de facto, a apelar à participação da extrema-direita portuguesa nas manifestações do Chega.
O partido liderado por Renata Cambra considera que este episódio “é um exemplo prático das consequências do crescimento e da normalização da extrema-direita, que utiliza o assédio, a violência e a intimidação como ferramentas para estabelecer ou conservar uma determinada relação de poder e assim aprofundar a desigualdade existente na nossa sociedade”. “Trump e Bolsonaro normalizaram tais métodos a nível internacional e os seus congéneres nacionais fazem questão de os imitar”, reforça.
O MAS vai ainda mais longe e acusa o Chega de tentar “desacreditar mulheres de esquerda, através do uso do racismo, da objetificação sexual ou da imputação de histerismo”. “Tudo isto tem o objetivo de conservar e aprofundar a desigualdade do sistema em que vivemos, pois é dos seus restos que a extrema-direita se alimenta”, lê-se ainda no texto.