Embalado pela vitória frente a Paulo Rangel e por alegadas sondagens que ainda estarão por ver a luz do dia, mas que arrancam a elementos do núcleo duro de Rui Rio largos sorrisos, já que bafejam o PSD na corrida às legislativas, o presidente social-democrata chega a Santa Maria Feira esta sexta-feira para a entronização no 39º congresso do partido, onde estarão 750 delegados eleitos em todo o País e comunidades.
Só que a par dos preparativos que se ultimam no Europarque, onde decorre a reunião magna, também as negociações de bastidores levada a cabo pelos críticos internos do líder, com vista a ocuparem lugares no Conselho Nacional no próximo domingo, correm soltas. Sendo que, de fora, dessas disputas mantém-se, Paulo Rangel, apesar da tentativa de arregimentação do seu apoio por parte vários dirigentes distritais, não se irá manifestar a favor de ninguém, a não ser um apelo à unidade no partido, disseram à VISÃO fontes rangelistas.
Miguel Pinto Luz, homem forte da distrital de Lisboa, está a atar as últimas pontas de uma lista para o parlamento do partido, em que no segundo e terceiro lugar – logo após aquele autarca de Cascais – surgem dirigentes da concelhia do PSD/Lisboa, apurou a VISÃO, junto daquela máquina ao início desta noite, dentro do pavilhão multiusos. Há ainda destacados dirigentes distritais e ex-deputados, como Maurício Marques, Bruno Vitorino, Luís Newton e Carla Barros.
Luís Montenegro, que se afastou das luzes da ribalta após a derrota frente a Rio nas eleições em janeiro de 2020, também fecha um elenco de apoiantes. A meta é apresentar àquele mesmo órgão dirigente entre congressos uma candidatura, que será encabeçada – ao contrário do que acontece com a lista de Pinto Luz – não pelo próprio ex-líder parlamentar do PSD mas por Pedro Calado, presidente da Câmara Municipal do Funchal. No grupo, há outros notáveis sociais-democratas, como o presidente da distrital de Viseu, Pedro Alves, presidente da distrital de Viseu, e Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara de Famalicão, que em anteriores contendas estiveram ao lado de Montenegro – que surge como subscritor desta lista.
Quando o congresso ainda estava vazio, mas com muitos elementos da estrutura de Rio já presentes no Europarque – como Salvador Malheiro, líder da distrital de Aveiro e vice-presidente do PSD, e José Silvano, secretário-geral do partido -, o ainda deputado e antigo líder da JSD Pedro Rodrigues anunciou a sua corrida à presidência da Mesa do Congresso, que neste momento é ocupada por Paulo Mota Pinto e que se recandidata ao lugar.
Crítico feroz de Rio, que começou por apontar o dedo à gestão da bancada parlamentar e entretanto estendeu o descontentamento em relação à posição do partido face ao PS, Pedro Rodrigues adiantou, ao final da tarde, que se por um lado esta reunião magna “é o primeiro momento de afirmação de um projeto liderado pelo PSD”, por outro é altura da “construção das reformas que o partido necessita e de combater a maioria de esquerda em Portugal”. Por isso, conclui, numa declaração enviada à imprensa, que tem “uma responsabilidade de liderar uma candidatura à Mesa do Congresso Nacional do PSD”.
Este 39.º congresso do PSD arranca pelas 21 horas, com uma intervenção de Paulo Mota Pinto, e o anúncio das várias moções estratégicas que irão a votos. Segue-se o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, o social-democrata Emídio Sousa. Rui Rio só falará pelas 22 horas, de acordo a organização da reunião magna. Salvador Malheiro, como líder distrital e diretor da campanha que levou Rio de novo a uma vitória (a terceira desde 2018), também poderá intervir antes do presidente reeleito.