André Ventura divulgou, esta segunda-feira, nas redes sociais, o novo outdoor do Chega, tendo em vista as eleições legislativas do próximo dia 30 de janeiro, mas o cartaz de campanha – que, segundo o próprio deputado, “já está nos vários distritos de Portugal” – surpreende, não pelo caráter inovador, mas precisamente pela ausência do mesmo.
No cartaz, André Ventura – identificado como “candidato a primeiro-ministro” – promete “fazer o sistema tremer”, colando-se fielmente à frase utilizada por Suzana Garcia na campanha para as Autárquica à Câmara Municipal da Amadora. Na altura, a mediática advogada e ex-comentadora da TVI, que liderava a candidatura “Dar Voz à Amadora”, que coligou PSD, CDS-PP, Aliança, MPT e PDR, deu nas vistas ao ultrapassar as fronteiras daquele município, colocando um outdoor, diante da Assembleia da República, em Lisboa, onde também se podia ler o slogan “o sistema vai tremer”.
Suzana Garcia lamenta “colagem”
À VISÃO, Suzana Garcia mostrou-se surpreendida com a escolha do Chega, considerando a “colagem” à sua campanha “oportunista” e “parasita”. “Este semiplágio, se é que posso chamá-lo assim, revela, sobretudo, uma certa tacanhez e mediocridade intelectual. Ao fazer-se uma cópia destas, prova-se, por um lado, que o original é sempre melhor e, por outro, que alguns partidos e algumas pessoas não sabem estar na vida política de maneira correta. É, acima de tudo, uma grande desonestidade”, diz a atual vereadora municipal da Amadora.

Apesar de partilharem a mensagem dirigida ao eleitores, Suzana Garcia apressa-se a (voltar a) distanciar-se do Chega e de André Ventura – que militou durante vários anos no partido de Garcia (o PSD). “O Chega nunca será capaz de se apropriar das minhas ideias, pois não partilho os valores ideológicos e humanistas desse partido”, afirma, mas admitindo que a polémica escolha da frase do novo cartaz de campanha é “um bocado incómoda”.
Para Suzana Garcia, a explicação terá muito a ver com as suas opções políticas – nomeadamente as negas dadas aos convites de Ventura. “Só consigo explicar isto com o despeito que os dirigentes do Chega ainda sentem por não ter aceitado os muitos convites para integrar as fileiras do partido que me fizeram. Acho que ainda não conseguiram digerir estas minhas opções. E esta reação apenas vem confirmar uma certa visão misógina e patriarcal com que se encararam as minhas decisões no interior daquele partido”, conclui.