“Não vejo nas listas quase ninguém dos que me apoiaram”. A frase de Paulo Rangel, no Conselho Nacional do PSD, nesta terça-feira, transmitida à VISÃO por conselheiros do partido, é clara sobre as ondas de choque que percorrem as fileiras dos que estiveram ao lado do eurodeputado na corrida à liderança do partido.
Rangel acusou Rui Rio de não ter feito um esforço de inclusão e ter optado por ter como estratégia “dar a mão ao PS”, do que contar com a ajuda na candidatura às legislativas dos que estiveram com eurodeputado.
Já antes, os que ficam de fora das listas do PSD para a Assembleia da República, e apoiantes de Paulo Rangel (que perdeu o partido para Rui Rio, ao alcançar 48% dos votos), subiram o tom, em Évora, onde decorre a reunião do Conselho Nacional, acusando o líder laranja de nepotismo.
Bruno Vitorino – atual presidente da mesa da Assembleia distrital do PSD, ex-deputado da Assembleia da República, ex-vereador da Câmara do Barreiro e um dos elementos da direção de campanha do eurodeputado nas diretas do partido – repetiu várias vezes a palavra “vergonha” para se dirigir a Rui Rio, que acusou de excluir quem não “aplaudiu líder”.
O social democrata lamentou oportunidade perdida de apresentar candidatos fortes às legislatvas de 30 de janeiro. “O senhor presidente do partido podia ir mais fortalecido a eleições, mas vai mais fragilizado, porque, mais uma vez, resolveu separar os bons e os maus”, rodeando-se “dos que lhe são leais”, e excluindo deputados atuais “competentes” como Duarte Marques ou Cristóvão Norte.
“Isto são tique de ditadores de terceira categoria, que não dignificam nada [o partido] e temo que o PSD vá pagar”, rematou.