O arguido de 39 anos está acusado dos crimes de furto, roubo e sequestro, juntamente com a empregada doméstica que faltou à primeira sessão do julgamento por estar infetada com o novo coronavírus.
Os assaltos à residência situada em Aradas ocorreram nos dias 27 de maio e 02 de julho de 2020, mas só da segunda vez é que o arguido se deparou com as crianças, sendo que a mais velha tinha apenas quatro anos.
Perante o coletivo de juízes, o arguido contou que entrou na casa e foi surpreendido com a presença da empregada junto à porta de entrada com os menores, adiantando que “o que estava combinado é que ela estaria na sala com as crianças”.
“Como não era o combinado, eu ali perdi-me. Ela foi para dentro da casa de banho e eu segui para as divisões onde supostamente teria que ir”, referiu, rejeitando ter trancado as crianças e a empregada na casa de banho.
O arguido negou ainda ter “amedrontado” os filhos do casal, observando que “se alguma das crianças tivesse chorado ou até mesmo gritado dava meia-volta e vinha embora”.
Explicou também que estava munido com uma faca, que lhe teria sido entregue pela alegada cúmplice e que seria para “dar credibilidade a ela ser vítima”.
O arguido disse que o assalto demorou cerca de 10 a 20 minutos e assegurou não ter ideia dos bens que foram retirados da habitação.
“Só retirei caixas de um gavetão de uma cómoda no quarto, uns envelopes do escritório e um ‘tupperware’ do hall de entrada, que parecia ter moedas”, referiu, afirmando ter saído de casa, levando o carro da empregada.
Contou ainda que estacionou o carro, com o produto do roubo no interior, num local previamente combinado com a alegada cúmplice, acrescentando que não sabia o destino que ela iria dar aos artigos furtados e ficou à espera que ela o contactasse mais tarde, o que não chegou a acontecer.
O arguido explicou que decidiu entregar-se à Polícia Judiciária após ter visto um vídeo na rede social Facebook onde a alegada cúmplice admitia ter assaltado a casa com ele.
“Digamos que me caiu a ficha do mal que tinha feito. Aquilo já me andava a consumir. Não aguentei mais e foi quando decidi vir-me entregar”, afirmou.
A acusação do Ministério Público (MP) refere que no primeiro assalto, a 27 de maio de 2020, o arguido aguardou que a cúmplice saísse da residência para ir despejar o lixo e retirou alguns envelopes contendo documentos e mealheiros com 120 euros.
Desagradados com o resultado do furto, os dois combinaram repetir o assalto no dia 02 de julho de 2020, tendo a arguida indicado ao cúmplice quais os locais onde devia procurar os objetos com valor.
Na segunda vez, o arguido entrou na residência munido de uma faca, através de uma porta que a empregada tinha deixado aberta, tal como tinha sido combinado pelos dois, e disse à sua cúmplice para se trancar na casa de banho com as crianças, enquanto procurava objetos de valor pela casa.
De seguida abandonou a habitação levando consigo objetos em ouro e prata no valor de quase três mil euros e 500 euros em dinheiro.
JDN // LIL