Após um “apagão informático”, em agosto 2020, do qual resultou a eliminação de emails trocados entre os dirigentes do partido, o PAN apresentou uma queixa-crime “contra desconhecidos”. Esta sexta-feira, no entanto, esclarece em comunicado que a “autoria dos atos de sabotagem informática perpetrados” foi alegadamente atribuída à deputada não inscrita, Cristina Rodrigues (que deixou o partido em junho desse ano). Cristina Rodrigues já reagiu, negando todas as acusações, e sugerindo que se trata de uma tentativa de vingança face aos comentários feitos por si sobre o caso em que a deputada Inês Sousa Real se viu envolvida na última semana (alegadamente Sousa Real será proprietária das empresas de produção agrícola Berry Dream Lda. e Red Fields Lda., que, segundo denúncias, praticariam formas de agricultura intensiva, com recurso a estufas e embalagens de plástico, na produção de frutos vermelhos).
O processo, que “corre termos na 5.ª secção do Departamento de Ação e Investigação Penal (DCIAP) de Lisboa” está relacionado com uma queixa que “teve por fundamento a suspeita de interferência informática deletéria, abusiva e criminosa nas contas de correio eletrónico do PAN, da qual resultou um “apagão informático” deliberado de todas as comunicações eletrónicas enviadas e recebidas até 25 de Junho de 2020”, explicou o partido, numa nota enviada às redações, esta sexta-feira à tarde. Segundo o mesmo comunicado, “desse acesso ilegítimo e abusivo resultaram para o PAN prejuízos materiais e morais elevadíssimos, com perda de informação sensível e relevante, produto do trabalho desenvolvido ao longo de cerca de 4 anos”.
Menos de três horas depois, Cristina Rodrigues envia também uma nota para negar “as acusações graves e atentatórias da sua honra patentes no comunicado enviado pelo partido PAN”, sugerindo que pode “estar aqui em causa a prática de um crime de denúncia caluniosa, previsto e punido pelo artigo 365.º do Código Penal”.
Quanto ao processo em si, a deputada – que foi eleita pelo PAN no círculo eleitoral de Setúbal nas eleições legislativas de 2019, mas acabou por sair do partido alguns meses depois, em Junho de 2020, passando a deputada não inscrita – diz já ter dado “parecer positivo” ao “pedido de levantamento da sua imunidade” para que “a situação seja esclarecida o mais rapidamente possível”.
A nota garante ainda que “a Deputada Cristina Rodrigues afirma que sempre agiu de forma diligente no exercício das suas funções de coordenadora da secretaria de ação jurídica, cargo que abandonou
em 25 de Junho de 2020, tendo até aquela data estado no exercício pleno das suas funções”; fazendo-se depois notar que o comunicado do PAN surge dias após Cristina Rodrigues ter comentado o escândalo que envolveu Inês Sousa Real, quando “a queixa-crime em causa foi feita há mais de um ano e só agora o Partido PAN comunica a mesma”.