Os últimos tempos têm sido tumultuosos para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, depois da polémica que revelou que a autarquia enviava dados de manifestantes a embaixadas estrangeiras. Não faltou quem pedisse a cabeça de Fernando Medina, mas, em vez de sair, o autarca tenciona receber dos lisboetas um voto de confiança para um segundo mandato. Da família socialista já tem apoio garantido: foi isto mesmo que o secretário-geral do PS, António Costa, foi dizer nesta quinta-feira, à Estufa Fria (Lisboa), onde decorreu a apresentação da recandidatura de Medina. Isso e, aproveitando o momento, lançar umas farpas ao presidente do PSD, Rui Rui.
“Ao contrário de outras candidaturas, esta não é uma candidatura para a preservação do líder do PS por interposta pessoa. O líder do PS está de boa saúde e continuará de boa saúde. O que se trata aqui é de Lisboa e só de Lisboa”, provocou António Costa, antes de passar a palavra a Medina.
A habitação, o ambiente, a mobilidade e a proteção social foram os pilares enunciados pelo atual presidente da Câmara para um segundo mandato, em que deixa uma proposta muito concreta: creches gratuitas para a classe média, a concretizar até 2025.
O passe único (40 euros para toda a Área Metropolitana de Lisboa) – medida que Costa lembrou ter partido de uma iniciativa conjunta de Medina e do então presidente da Câmara do Porto – é para manter e o investimento na rede de transportes públicos é para aumentar. Na habitação, Medina trazia na ponta da língua os números do que fez, nos últimos quatro anos (3 mil casas entregues a famílias desfavorecidas e mil casas de renda acessível para jovens), e a promessa de continuar a apostar, cada vez mais, nas rendas acessíveis (com os jovens a pagarem “no máximo 30% do seu rendimento líquido” por uma casa). “Ao contrário de outros, nós não achamos que o preço da habitação deva ser aquele que o mercado determina, excluindo as classes médias quando a economia melhora”, disse.
Num discurso que durou cerca de 20 minutos e em que se concentrou nas propostas eleitorais, Fernando Medina prometeu ainda apostar na qualidade de vida de quem vive, trabalha e passa por Lisboa, aumentando os espaços verdes, requalificando as zonas junto ao rio, construindo mais ciclovias. Traçou como objetivo atrair investimento estrangeiro, “manter Lisboa como uma das grandes cidades inovadoras do nosso tempo”, apoiar a cultura e promover um “turismo sustentável e de qualidade”, depois da pandemia de Covid-19.
“Parto nesta caminhada com a vontade e a energia de fazer mais e melhor por Lisboa e pelos lisboetas. Com a confiança de quem conhece bem a cidade e de quem tem obra feita, com vontade de fazer aquilo que ainda não foi feito”, referiu o presidente, que substituiu António Costa à frente da autarquia em 2015 e foi eleito, pela primeira vez, em 2017.
As Eleições Autárquicas estão marcadas para 26 de setembro e, até agora, candidatam-se à Câmara de Lisboa: Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Beatriz Gomes Dias (BE), Manuela Gonzaga (PAN) e Tiago Matos Gomes (Volt).