Aos 37 anos, Tiago Barbosa Ribeiro, que acaba de ser anunciado como candidato do Partido Socialista à Câmara do Porto, é considerado uma das figuras emergentes entre as novas gerações de PS. O seu nome, agora escolhido para enfrentar Rui Moreira e Vladimiro Feliz (PSD) já tinha sido ventilado antes, mas a tentativa de encontrar uma figura “mais nacional” para a segunda câmara do País terá refreado, durante algum tempo, o seu avanço – e, a meio da última semana, era dado como tendo desistido, de vez, dessa pretensão. Só que, depois da recusa do secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, deputado e ex-governante, e da desistência do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, António Costa deu carta branca às estruturas locais do partido para a escolha de um nome: “Tenho a certeza de que encontrarão uma solução ganhadora para enfrentar Rui Moreira”. E cá está: o próprio presidente da concelhia do PS avança, agora, perante o facto consumado de que não parece haver nenhuma figura nacional disposta a perder para Rui Moreira. Vive-se um ciclo em que o PS respira poder por todos os poros – e todos fogem de ser perdedores. Ora, o nome do ainda jovem político portuense, que é atualmente deputado pelo círculo do Porto, parte com baixas expectativas e apresenta-se como uma solução de futuro, para marcar terreno e ganhar protagonismo: Rui Moreira, a ser eleito – e ele é largamente favorito -, entrará no seu último mandato. Na verdade, o verdadeiro desafio de Tiago Barbosa Ribeiro – a quem ninguém exige a vitória – é o de ficar à frente do candidato do PSD, que, embora seja uma figura pouco conhecida a nível nacional, tem a apresentar um trabalho autárquico consolidado como n.º 2 de Rui Rio, no período em que o atual presidente do PSD liderou a edilidade portuense.
“Nosso. Dos nossos. Um de nós”, escreveu Tiago Barbosa Ribeiro, no Facebook, a acompanhar uma foto de Sérgio Conceição
Tiago Barbosa Ribeiro não é, pelo menos localmente, uma figura qualquer: tem a vantagem de ter nascido no Porto, uma condição considerada, à partida, essencial, quando se disputa o lugar politico mais importante de uma cidade tão marcadamente bairrista. Licenciado em Sociologia, com especialização em Trabalho e Organizações pela Universidade do Porto e pós-graduado em Gestão pela mesma universidade, foi o diretor de campanha, no distrito, nas eleições de 2019 e, portanto, o principal responsável pela vitória socialista naquele círculo, com a eleição de 17 deputados (em 23 possíveis) e pelo triunfo do PS em 14 dos 18 concelhos.
Embora seja um produto da “cantera” de jotinhas do PS e, portanto, oriundo da JS, de que foi dirigente, tem experiência, como quadro superior, no setor privado industrial, com vocação para a exportação e internacionalização. Membro da Comissão Política dos socialistas, deputado desde 2015, especializado em trabalho parlamentar no setor laboral e de segurança social, bem como no acompanhamento das medidas para fazer frente à pandemia e para a recuperação económica (membro da respetiva comissão eventual), foi o mais jovem presidente de sempre, eleito para dirigir a concelhia partidária do Porto. Representa, habitualmente, o PS em vários fóruns e organizações que têm a ver com a área laboral – e é um regionalista. Aliás, como deputado, mantém bem viva a ligação ao distrito pelo qual foi eleito, reunindo frequentemente com organizações locais, sobretudo, na área laboral.
Pormenor não dispiciendo e que, no Porto, vale votos (ou não, como ficou demonstrado, em 2001, com a vitória de Rui Rio sobre o socialista Fernando Gomes): recentemente, publicou, no Facebook, uma foto do treinador do FC do Porto, Sérgio Conceição, a beijar o símbolo do clube, gravado no casaco, com o seguinte comentário: “Nosso. Dos nossos. Um de nós.”
Pode não dar garantias, portanto, de quebrar a longa linhagem de relações entre política e futebol e, sobretudo, de romper com o historial de cumplicidades entre os socialistas do Porto e o principal clube da cidade – mas quem nunca?