Foi uma comunicação breve e concisa. Elencando uma a uma as suas razões para a renovação do estado de emergência do País, entre os dias 9 e 23 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa fez o possível para calibrar duas mensagens que não são fáceis de conciliar. Primeiro, que as medidas de combate à pandemia estão a produzir os efeitos desejados; segundo, que mesmo assim, é preciso prevenir para que janeiro não traga a “temida terceira vaga”.
Insistindo que promover uma estratégia a um mês “não é desrespeitar a Constituição” – e que haverá, como até agora, na proxima renovação já anunciada até à primeira semana de janeiro, audição dos partidos, parecer do governo e aprovação do Parlamento – o Presidente da República deixou claro que a medida visa apenas permitir que as famílias saibam como podem aproveitar “o momento único do Natal” – desde que de acordo com as regras que impeçam novos contágios.
É que, como também explicou, apesar de nova descida da taxa de transmissão e de sinais positivos de desaceleração do número de infeções, “continua preocupante a pressão nos internamentos e cuidados intensivos”.
Além disso, prosseguiu, mesmo que o segundo pico tenha sido ultrapassado, é preciso antever que “a chegada das vacinas, ainda a aguardar autorização das autoridades de saúde europeias, obedece a um calendário prolongado no tempo”, que não serão semanas, mas meses.
Daí que, no seu entendimento, as praticamente certas “restrições menos intensas no Natal” devam ser “um momento único para não descontrolar janeiro”, sublinhando que “toda a facilidade é errada e toda a prevenção é imperativa” – e isto tanto ao longo de dezembro como no arranque de 2021.
“E que janeiro se possa sustentar nos passos dados em dezembro”, sublinhou, elogiando depois o comportamento de todos. “Os derradeiros 15 dias demonstraram uma adesão massiva às medidas do governo, e os resultados são já visíveis.” Socorrendo-se de uma citação do neurocientista António Damásio sobre os portugueses, o Presidente da República louvou ainda a “generosidade, paciência e calma” e insistiu para que “não se desperdice tamanha compreensão e sacrifícios de toda a ordem”.
Por fim, garantiu “total confiança na nossa resistência coletiva”, assinalando que “enfrentámos quase um ano de pandemia”. E se “entrámos em dezembro a conter a Covid-19″, que possamos então, rematou, “garantir um melhor início de 2021”, que nos permita “esquecer este 2020”.