O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira, no Parlamento, que o “massacre chocante” ocorrido no fim de semana num abrigo em Santo Tirso, que vitimou 69 cães e quatro gatos, foi algo “absolutamente intolerável” e, em resposta ao porta-voz do PAN, admitiu rever a orgânica das instituições públicas que salvaguardam o bem-estar animal.
Sobre o incêndio que atingiu dois canis informais, António Costa Costa escusou-se a tecer comentários sobre os factos até receber mais dados sobre as autoridades competentes – estão, de resto, em curso uma investigação judicial e um inquérito da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) -, mas, na réplica a André Silva, no debate do Estado da Nação, mostrou-se disponível para reequacionar as funções da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
“Quanto à orgânica do Estado, temos de a repensar”, atirou o líder do Executivo do PS, uma vez que a DGAV “não tem revelado capacidade ou competência para se ajustar à nova realidade que temos”, acrescentando que aquele organismo não foi montado para “cuidar de animais de estimação”. “Podemos reavaliar a lei para que esta situação alarmante não se continue a verificar e situações revoltantes não se repitam”, completou, sendo, de seguida, saudado pela líder parlamentar do PAN, Inês Sousa Real, que esta semana, em entrevista ao Irrevogável, da VISÃO, já tinha carregado sobre as falhas na resposta dada por parte das instituições públicas.
Já no que respeita ao aeroporto do Montijo, pelo qual questionou José Luís Ferreira, em nome do PEV, Costa explicou que o Governo tem feito um “enorme esforço negocial com os autarcas do Seixal e da Moita”. Quanto ao município seixalense, notou que se tratava, sobretudo, de uma divergência política – dada a preferência de Joaquim Santos (CDU) pela solução Alcochete -, mas frisou que no que respeita à Moita existem “problemas específicos” sobre o impacto ambiental do projeto, especialmente na Baixa da Banheira.
“Acordámos fazer um trabalho específico e conjunto entre o Ministério do Ambiente e a autarquia [chefiada pelo comunista Rui Garcia]”, adiantou o primeiro-ministro, que confessou que “não tem sido fácil”, embora as partes sejam “persistentes”. Ainda assim, deixou a garantia: “Não haverá aeroporto do Montijo sem resolver os problemas ambientais da Moita.”