Os incêndios originados em linhas elétricas de baixa e média tensão foram responsáveis por 20% da área ardida em 2017. As estimativas são avançadas em entrevista à Visão por Domingos Xavier Viegas, líder do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) e membro do Observatório Técnico Independente, com base em informação compilada entre 2003 e 2018.
O ano de 2017 foi especialmente dramático no que toca a incêndios no território nacional: depois dos fogos de Pedrógão, que vitimaram 66 pessoas, seguiram-se novos fogos na Lousã e noutras localidades da zona centro, que haveriam de matar mais 49 pessoas. Em ambas as tragédias, Xavier Viegas atribui a origem do incêndio ao contacto da vegetação com linhas elétricas. Também o incêndio de Monchique, já em 2018, terá sido, provavelmente, iniciado numa linha elétrica como concluiu o relatório do Observatório Técnico Independente (criado pelo Parlamento para suceder à Comissão Técnica Independente). Em qualquer destes casos as teses de Domingos Xavier Viegas contradizem as teses da EDP. O que confirma a tendência de teses contrárias entre EDP e alguns dos maiores especialistas em incêndios durante os últimos 16 anos.
Os incêndios originados pelas linhas elétricas têm duas características aparentemente contrárias: face ao total de ocorrências são estatisticamente diminutos, mas em contrapartida são responsáveis por uma grande fatia da área ardida. Os números de 2017 confirmam precisamente essa realidade: em 2017 foram contabilizadas mais de 20 mil ocorrências. Desse total, cerca de 100 tiveram início em linhas elétricas – mas essas 100 ocorrências foram responsáveis por um quinto da área ardida no ano que fica para a história pela tragédia de Pedrógão., Lousã e Oliveira do Hospital.
Leia a entrevista de Xavier Viegas e descubra mais sobre este e outros temas que marcam a atualidade na revista VISÃO desta semana.
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