Uma palestra no âmbito de Educação para a Cidadania, promovida pela Escola Básica 2/3 de Quinta da Lomba, no Barreiro, está a gerar enorme controvérsia. O problema da iniciativa, apurou a VISÃO, é o facto de os dois professores que lecionam a disciplina terem pedido aos alunos das turmas participantes 0,50 euros pela inscrição – que teria de ser autorizada pelos encarregados de educação -, quantia que reverteria, depois, para a associação LGBTI (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgéneros e Intersexo).
De acordo com o plano da atividade (equiparada a uma visita de estudo), os docentes Jani Miguel e Ricardo Vieira solicitavam aos 54 estudantes das turmas 6.º B e 8.º D aquele montante para participarem na sessão, que decorreu na quinta-feira, 7 de março, e que tinha como objetivos “promover a igualdade de géneros” e “sensibilizar os alunos para as diferentes orientações sexuais”.
No final do documento através do qual os encarregados de educação autorizavam a participação das crianças, na parte relativa às observações, os professores assinalavam que os 0,50 euros reverteriam para a associação LGBTI, o que está a desencadear acusações de financiamento encapotado a uma instituição.
A VISÃO procurou obter um esclarecimento dos docentes envolvidos, mas até ao momento tal não foi possível. De igual modo, tentou ouvir a coordenadora da Escola EB 2/3 Quinta Da Lomba, Anabela Luz, ainda que igualmente sem sucesso.
Já a diretora do agrupamento de escolas de Santo André, Arlete Cruz, confirma o pedido de “comparticipação” da iniciativa, que, explica, deveu-se “aos custos de deslocação” dos dois oradores convidados (que não terão cobrado pela atividade). A prática, assegura, é “habitual” mesmo quando as conferências são dedicadas a outros temas. “Podia ter sido a escola [a financiar o evento], mas a nossa tradição tem sido as famílias comparticiparem”, reforça, antes de garantir que as crianças que não possam pagar não sejam, por isso, excluídas.
Arlete Cruz nota ainda que “o barulho que está a ser feito nas redes sociais” não tem tido origem nos pais dos alunos da escola, mas tem surgido de quem – e aponta o dedo ao deputado Bruno Vitorino (PSD), que denunciou a situação no Facebook – está a utilizar o episódio “para fazer ataques políticos”.