O PSD ainda está a tentar digerir o anúncio de Santana Lopes. Nas hostes sociais-democratas reina a surpresa mas também há setores em que a notícia está a ser desvalorizada. José Eduardo Martins não se atravessa em apostas e recusa-se a dizer se as declarações do ex-presidente do PSD são ou não para levar a sério. Em declarações à VISÃO, prefere a ponderação: “Quero acreditar que não passa de mais um estado de alma”. E “mais um” porque, explica, “as inconstâncias de Santana Lopes são uma constante.” Mas se o ex-autarca não voltar atrás na sua decisão? “Então não há nada a fazer.”
Reconhece que, a confirmar-se a saída do candidato derrotado nas últimas diretas, o partido vai ressentir-se. “Em qualquer partido a saída de um ex-líder deixa marcas.” No entanto, não poupa críticas ao ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “A leitura que faz” para justificar a sua decisão é “injusta.” Pode até ser vista como uma análise feita com um pouco de “soberba” da parte de Santana Lopes. Tudo porque “o PSD já lhe deu tanto ou mais do que ele ao PSD.”
Sobre a possibilidade de criar um novo partido – cenário que Santana Lopes não exclui -, José Eduardo Martins não tem dúvidas de que “se existisse uma novidade desse género à direita nunca poderia ser protagonizada por um ex-presidente do PSD.” A razão é simples: “para ser uma verdadeira novidade tinha de ter protagonistas verdadeiramente novos.”
Recorde-se que o ex-primeiro-ministro anunciou numa entrevista à VISÃO, publicada na edição que chegou esta quinta-feira às bancas, que a sua “intervenção política no PSD acabou.” O ex-primeiro-ministro não põe de parte ir a eleições no futuro nem criar um novo partido. A VISÃO sabe que a notícia apanhou o PSD de surpresa e foram vários os dirigentes do partido que, contactados pela VISÃO, recusaram prestar declarações sobre o tema.